O Festival das Artes QuebraJazz está de regresso, de 15 de julho a 30 de agosto, e os bilhetes “early bird” para os espetáculos no anfiteatro Colina de Camões já estão à venda com preços especiais, que podem ser adquiridos até 31 de maio. Os espetáculos da Quinta das Lágrimas vão decorrer de 15 a 24 de julho e os do Quebra Costas de 25 de julho a 30 de agosto.
A viagem de quatro japoneses cristãos entre 1582 e 1590, é o ponto de partida para um concerto inédito que reaviva uma das mais fascinantes histórias que unem Portugal ao Japão, que será apresentado na 16ª edição do Festival das Artes QuebraJazz. A Embaixada Tenshō de 1585 em Coimbra celebra, 440 anos depois, o encontro musical entre o Ocidente e o extremo Oriente.
Interpretado pelo ensemble de Tomomi Nishimoto, IllumnArt Philharmonic Renaissance Ensemble, o programa Tenshō Embassy Concerts consiste em quatro concertos apoiados pela Embaixada do Japão em Portugal, agendados para as cidades por onde os quatro jovens japoneses passaram: Lisboa, no Museu do Oriente no dia 16 de julho; Coimbra, Capela de São Miguel no dia 19 de julho; Vila Viçosa, Cineteatro Florbela Espanca a 20 de julho; e ainda Évora, Igreja do Espírito Santo a 21 de julho. O repertório inclui obras dos compositores quinhentistas Andrea Gabrielli, Cristóbal de Morales; Josquin des Prez; Giovanni Pierluigi da Palestrina e Tomás Luis de Victoria, com um especial enfoque na música do Cancioneiro de Elvas entregue à Maestra Nishimoto como desafio para interpretar, um dos mais relevantes manuscritos de música ibérica do século XVI.
Pelas mãos dos jesuítas teve início a 20 de fevereiro de 1582, uma organização internacional que preparou quatro jovens representantes dos dáimios (nobres japoneses) cristãos, para uma viagem de Nagasaki rumo à Europa para conhecerem o Papa. Batizados com nomes portugueses Chijiwa Miguel, Ito Mâncio, Hara Martinho e Nakaura Julião chegaram a Portugal em 1585 e viajaram pelo nosso país, por Espanha e Itália, até Roma, sempre acompanhados pelo padre jesuíta Diogo de Mesquita, seu mestre e mentor. Em Roma conheceram o Papa Gregório XIII e assistiram ao entronamento do seu sucessor Sisto V.
Recebidos com grande pompa em todos os locais por onde passaram, Mâncio mesmo foi retratado por Tintoretto em Veneza. Em Portugal, visitaram Lisboa, passaram 20 dias em Coimbra, passaram por Santarém, Tomar, tocaram música no órgão de Évora e brincaram com o jovem duque de Bragança em Vila Viçosa, numa viagem que ficou registada por Luís Fróis, missionário português que viveu 34 anos no Japão e registou em 4000 folhas manuscritas as primeiras impressões europeias da vida e da cultura no Japão.
Ao longo dos oito anos que a viagem durou, os jovens dáimios vivenciaram e absorveram a cultura do Sul da Europa, aprendendo a tocar instrumentos musicais da época, vindo a introduzir a música renascentista europeia no Japão aquando do seu regresso, a 21 de junho de 1590.
Nas palavras da diretora artística do Festival das Artes Quebrajazz, Cristina Castel-Branco, de regresso ao Japão, os quatro embaixadores Tenshō “apresentaram ao novo Shogun, Toyotomi Hideyoshi, o que aprenderam e praticaram em toda a viagem à Europa. Hideyoshi ficou tão impressionado com o que ouviu que pediu para tocarem uma segunda e uma terceira vez. Assim se iniciou a ponte cultural musical com o Japão. O momento “de elevada difusão artística e abertura cultural entre Oriente e Ocidente” que se realizou em 1591 é evocado e reinterpretado em concertos dirigidos pela maestra Nishimoto em Portugal, no âmbito do 16.º Festival das Artes Quebra Jazz no próximo mês de julho.
O Festival foi distinguido, pelo 10º ano consecutivo, com o selo de excelência “Remarkable Arts Festival”, atribuído pela European Festivals Association – Europe for Festivals, Festivals for Europe (EFFE) e concedido pelo serviço prestado no campo das artes, pelo envolvimento da comunidade e pela abertura internacional.
O Festival das Artes QuebraJazz conta com o apoio da Câmara Municipal de Coimbra.