O Festival Política, que está a fazer a sua digressão por várias cidades com a “Intervenção” como tema central da programação, termina em Coimbra, de 21 a 23 de novembro. O CSF vai ser o epicentro do evento, que conta com um total de 15 atividades, que vão decorrer entre o Grande Auditório, o Café Concerto, a Sala D. Afonso Henriques, a Black Box e o Project Room. José Manuel Silva destacou o facto de este Festival ser “a cara de Coimbra”, manifestando a total disponibilidade da autarquia para acolher uma programação “provocadora “, “capaz de promover a reflexão e o debate saudável e democrático”.
Todos os espetáculos e debates têm interpretação para língua gestual portuguesa e todos os filmes, incluindo os falados em português, estão legendados em português.
O festival arranca às 18h00 de dia 21 de novembro, com um concerto do cantor são-tomense Lucas Pina no exterior do Edifício das Químicas, na Universidade de Coimbra. Esta é a única iniciativa que decorre fora do espaço do CSF, de forma a ir ao encontro do público jovem. Lucas Pina tornou-se conhecido do grande público depois da participação no “Got Talent Portugal”, com “Rapazes do Milongo” em dupla com Moreno.
Segue-se, pelas 19h00, no palco do Grande Auditório, “A Sala de Professores” de Ilker Çatak, exibido em parceria com o Parlamento Europeu. O filme, que estreou no Festival de Cinema de Berlim, nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional, é considerado um dos cinco melhores filmes internacionais de 2023 pelo National Board of Review, tendo ainda vencido os Prémios Lux.
Ainda no dia 21, às 21h00, é inaugurada a instalação de Sara Folhas, “Nunca tantos deveram a tão poucos”, na Project Room. O projeto centra-se nas repúblicas de Coimbra e no seu papel enquanto polos socioculturais resistentes numa luta contra a gentrificação e a evaporação dos seus pontos de encontro. A instalação pretende explorar o passado, presente e futuro, refletindo sobre as possibilidades de sustentabilidade e sobrevivência destes espaços. Este foi o projeto vencedor do concurso de bolsas para jovens artistas, ativistas e criadores desenvolvido pelo Política e pelo IPDJ. A instalação pode ser vista a 22 e a 23 de novembro, das 15h00 às 21h30.
A programação do primeiro dia termina com a exibição do documentário “Onde Está o Zeca?”, de Tiago Pereira, com Abel Andrade, pelas 21h30 no palco do Grande Auditório. Trata-se de uma coprodução entre A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria e o Festival Política. É um filme dedicado ao cantautor Zeca Afonso, mas também à lenda e ao mito que se tornou depois da sua morte, num país que o celebra como símbolo da Revolução da Liberdade.
Já no dia 22, destaque para o concerto Luta Livre, um projeto de Luís Varatojo que apresenta a luta em formato acústico. Depois de projetos como Peste & Sida, Despe e Siga ou A Naifa, é em Luta Livre que Luís Varatojo olha para a sociedade de forma acutilante, fazendo da cantiga a sua arma. Este ano, celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos com um novo espetáculo especialmente criado para a efeméride, com forte impacto visual, apresentando ao vivo os temas dos álbuns “Técnicas de Combate” (2021) e “Defesa Pessoal” (2023). O concerto está marcado para as 21h30 na Sala D. Afonso Henriques.
Antes, às 18h00, o Política em Coimbra conta com uma novidade: a estreia do conceito “Beer&Politics”. O Café Concerto acolhe uma conversa com João Paulo Batalha, sob o mote “Portugal desistiu de combater a corrupção?”, onde a primeira bebida é oferecida pelo festival. João Paulo Batalha é vice-presidente da associação Frente Cívica, dedicada à defesa de questões de interesse público, e consultor nas áreas da boa governança, transparência e políticas de combate à corrupção. Em 2010, foi um dos fundadores da Transparência Internacional Portugal, tendo desempenhado as funções de diretor executivo e presidente da direção.
Ainda no segundo dia, de manhã, às 10h00, para escolas, e às 19h00, para o público em geral, o cinema puxa a conversa, no palco do Grande Auditório, com a exibição do documentário “A cor da liberdade”, de Júlio Pereira. Um trabalho que parte da história de José Pedro Soares, ex-preso político que foi detido e torturado pela PIDE entre 1971 e 1974, e contextualiza Portugal e a sua realidade social à época, através das memórias de ex-presos políticos, historiadores, jornalistas e artistas.
No último dia do Política, sábado, 23 de novembro, destaque para um espetáculo de humor da autoria de Hugo Van Der Ding, marcado para 21h30, no Grande Auditório. “O que importa é participar”, criado propositadamente para o evento, percorre as participações especiais da História de Portugal, que comprovam a importância de participarmos sempre, ainda que, por vezes, não levemos a taça para casa. Ainda no Grande Auditório, mas mais tarde, a partir das 23h15, são exibidos os filmes “Will you come with me?”, de Derya Durmaz, “Fragments”, de Marie-Lou Béland, “Nadie se enamora en un cine porno”, de Varinia Perusin, e “Maghreb’s hope”, de Bassem Ben Brahim.
O dia 23 começa, contudo, às 16h00, com Conversas dinâmicas, no Foyer. Em “Todas As Vozes”, Ana Cristina Pereira, jornalista empenhada na escuta dos grupos sociais mais vulneráveis, promete partilhar a sua reflexão sobre a diversidade social e cultural, a importância de escutar quem não está nos centros de poder e a responsabilidade de informar, de documentar o presente. No mesmo espaço, às 17h45, há lugar à música, com “Dar Voz à Sombra”, de Catarina Pastilha, um projeto musical que pretende trazer a palco ideias e emoções de pessoas que vivem na penumbra da sociedade. Uma obra com música, letra e voz de Catarina Pastilha, acompanhada ao piano por Raquel Resende. Este projeto venceu o concurso de bolsas para jovens artistas, ativistas e criadores desenvolvido pelo Festival Política e pelo IPDJ.
Antes do humor de Hugo van der Ding, há ainda tempo para a performance de Djam Negui, às 18h30, na Black Box. AMI.LCAR é um espetáculo inspirado na vida e obra do pensador de um dos maiores líderes de todos os tempos, Amílcar Cabral. Num exercício de extensão do seu legado, o artista Djam Neguin ficciona episódios da sua existência e da sua ideologia emancipatória, anticolonial e ecológica, a partir do uso de dispositivos multimédia e da inteligência artificial, tensionando o real e o virtual, o humano e o pós-humano.
No ano passado, o Festival Política totalizou 14 dias de atividades em Lisboa, Braga, Coimbra e Loulé. A programação foi composta por 82 iniciativas, que contaram com mais de cinco mil participantes. Agora em novembro, após Lisboa (em abril), Braga (em maio) e Loulé (em outubro), será a vez de Coimbra receber o Festival Política. Em 2023, em Coimbra, a iniciativa contou com a participação de cerca de 1.400 pessoas ao longo dos três dias de programação.
Mais informações em www.festivalpolitica.pt
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Catarina Gralheiro