30 Setembro 2024

Estratégia Municipal de Inovação ganha forma com apresentação do diagnóstico e visão estratégica

Estratégia Municipal de Inovação ganha forma com apresentação do diagnóstico e visão estratégica

A construção da Estratégia Municipal de Inovação (EMI), coordenada pelo Centro de Inteligência de Coimbra do Departamento de Tecnologias de Informação e Inovação Digital da autarquia, com o apoio da Sociedade Portuguesa da Inovação (SPI), deu hoje, dia 30 de setembro, mais um passo, com a apresentação do diagnóstico prospetivo e da visão estratégica, durante a tarde, no Salão Nobre do Câmara Municipal (CM) de Coimbra. A iniciativa contou com a presença do presidente da CM de Coimbra, José Manuel Silva, e do vice-presidente, Francisco Veiga. O documento já recebeu, até ao momento, contributos de cerca de três centenas de pessoas. A proposta preliminar do Plano de Ação será complementada pelo II Workshop “Da Visão estratégica à Ação – Contributos para o plano de ação da EMI”, que se vai realizar já na próxima sexta-feira, dia 4 de outubro, às 18h00, no Convento de São Francisco, mediante inscrição.

Antes da apresentação em detalhe do diagnóstico prospetivo e da visão estratégica, o vice-presidente da CM de Coimbra abriu a sessão. “O importante quando falamos destes planos é que sejam ajustados o mais possível à realidade e, neste caso, o que nos importa perceber é a realidade do concelho, sendo por isso indispensável a recolha de contributos junto da comunidade civil, e sobretudo daqueles que trabalham em áreas convergentes e que, por força da sua formação e experiência, têm conhecimentos sólidos e profundos em matéria de inovação”, começou por referir Francisco Veiga. “Este é também o nosso desafio – desenvolver um documento que tenha tradução numa estratégia que seja séria e realista. E por esta razão é tão importante o envolvimento da comunidade em todo o processo, desde o início até ao fim”, sublinhou o vice-presidente. A encerrar os trabalhos esteve o presidente da Câmara Municipal, que felicitou os serviços e a SPI por este diagnóstico e respetiva visão. “Este documento representa, acima de tudo, a nossa vontade de sistematização no universo da inovação e o nosso compromisso em integrar, como motor, o ecossistema da inovação do concelho”, referiu José Manuel Silva, desejando ainda sucesso nas próximas etapas de trabalho que vão conduzir à EMI.

 

O documento apresentado retrata o concelho, com base em cinco áreas designadas por ecossistemas da inovação –  Território, Administração, Cultura e Capital Humano, Ensino e Investigação e Tecido Económico – e aponta as fragilidades expressas na auscultação que antecedeu a apresentação deste documento que, até ao momento, já recebeu o contributo de cerca de três centenas de pessoas.

 

Na área “Território”, o estudo aponta para a “expressiva necessidade de implementar soluções inovadoras que permitam a criação de uma identidade forte e reforcem a atratividade” do território heterogéneo (área urbana e rural). O diagnóstico indica, ainda, em termos de ocupação do solo, a falta de gestão de riscos ambientais e resultantes das alterações climáticas, para além do ténue aproveitamento dos recursos naturais e patrimoniais. No que diz respeito à habitação, o relatório aponta como fragilidades a degradação do centro histórico e do tecido urbano, a desadequação do parque edificado face a necessidades de mobilidade e eficiência energética e o aumento do peso da habitação nos encargos das famílias e a falta de habitação a preços acessíveis (estudantil inclusive). Relativamente à educação, saúde e bem-estar e respostas sociais, o diagnóstico aponta para a “baixa responsabilidade social do tecido empresarial de Coimbra, com impacto no dinamismo e inovação social” e, na questão das acessibilidade, mobilidade e conectividade, para a “escassa informação e adequação/fiabilidade dos transportes públicos referidas como fragilidades”. Em relação à vertente das infraestruturas de acolhimento empresarial, considera-se que a “existência de áreas disponíveis para acolhimento empresarial deve ser um dos focos estratégicos da atuação municipal”.

 

Em relação à área da Administração, designadamente o contexto organizacional do Município de Coimbra, de acordo com a auscultação aos serviços municipais (80 participações), a comunicação entre serviços e a comunicação com o munícipe foram considerados com maiores necessidades de melhoria. Foram apontadas, a propósito, áreas prioritárias de intervenção para melhorar os serviços, sobretudo na desburocratização de processos e na comunicação clara e eficiente, nos processos administrativos e iniciativas e eventos promovidos ou participados pela CM de Coimbra.

 

No que diz respeito à área da Cultura e Capital Humano, que se entende por o “contexto imaterial, nomeadamente, as caraterísticas demográficas e socioeconómicas e as dinâmicas culturais”, o estudo considera como principais desafios, no que diz respeito ao Capital Humano, a “inversão do cenário de perda demográfica (incluindo a fixação de população e retenção de talento), assim como o impacto nos serviços e respostas do progressivo envelhecimento da população, em diversos domínios, nomeadamente na saúde, ação social, segurança e proteção civil e a multiculturalidade e a promoção da igualdade”. Já relativamente à Cultura, assinala “especiais fragilidades no que diz respeito à democratização do acesso (para todos) à cultura, ao apoio a projetos culturais de dimensão e escala internacional, à identidade cultural/sentimento de pertença/sentido coletivo, à comunicação e à articulação/criação de sinergias entre entidades”.

 

Quanto à área do Tecido Económico, entendido como “o conjunto de atividades empresariais”, o diagnóstico aponta que a “perceção da comunidade acerca do tecido empresarial revela desconhecimento sobre a atividade desenvolvida pelas empresas localizadas em Coimbra e a sua capacidade inovadora”. “A comunidade tem a perceção que é um tecido pouco dinâmico e centrado nos serviços de saúde e de educação”, lê-se. Aponta-se, ainda, a falta de atratividade para investidores externos, incluindo a falta de áreas industriais e de localização empresarial e de dinamização das existentes, a excessiva burocracia para a fixação de empresas e a falta de políticas económicas e sustentáveis. O documento nota, ainda, para a desvalorização da agricultura.

 

No que concerne à área do Ensino e Investigação, entendidos como o conjunto de instituições públicas e privadas de ensino superior que formam recursos humanos em áreas chave e de unidades de investigação e desenvolvimento que contribuem para a transferência de tecnologia, aponta como fragilidades “o conservadorismo associado ao sistema de ensino, nomeadamente em áreas mais tradicionais, a frágil ligação entre o ensino superior e as empresas, o desconhecimento sobre as áreas de I&D, a não promoção de estágios e incorporação de RH nas empresas do concelho e o ténue alinhamento entre áreas de formação académica e áreas de formação de RH em que as empresas têm necessidade de mão de obra”.

 

O documento apresentado elenca, ainda, eixos estratégicos de atuação, define objetivos e menciona atores para colocar em prática esses desígnios. Assim, surge o eixo Eficiência Administrativa, com o objetivo de “reforçar a confiança dos cidadãos, empresas e todos os atores do território na instituição CM de Coimbra”, atuando na melhoria contínua dos serviços municipais e promovendo uma cultura de inovação e criatividade interna e externa (comunidade), trazendo a inovação e criatividade para as diversas áreas de competência autárquica (trabalho desde a 1ª infância). E são apresentados como atores principais neste eixo a Câmara Municipal, os agrupamentos de escola e outras instituições (destaque para TUMO) e a comunidade.

 

No eixo Cooperação e Comunicação, é definido como objetivo estratégico a necessidade de trabalhar e consolidar uma cultura colaborativa entre agentes do ecossistema, estimulando a mobilização coletiva para a inovação, e uma comunicação assertiva e permanente que valorize a oferta e as oportunidades do território. Segundo o estudo, neste vetor, os agentes de mudança são a Câmara Municipal, as empresas, a IES, as entidades de IDI, os setores cultural e social e a comunidade.

 

Outro eixo definido é o do Talento e Qualidade de Vida, que passa pelo objetivo de “reter e atrair talento reforçando um quadro de políticas locais multissetoriais que potencie a qualidade de vida – condições de living (people-job-housing), e possibilite aos jovens e famílias residirem em Coimbra e se sentirem parte de uma comunidade local aberta, criativa, tolerante e inclusiva”. Para tal, são convocados diversos atores, nomeadamente Câmara Municipal, entidades do setor cultural, entidades do setor social e empresas dos setores imobiliário, comércio e serviços.

 

Por outo lado, na classificação Ativação e Densificação Económica, pretende-se “aumentar e diversificar a capacidade de acolhimento empresarial tendo em vista a densificação da base económica local e a especialização do território em setores industriais e empresariais intensivos em conhecimento (KIS)” e, para tal, reunir esforços da Câmara Municipal, entidades de IDI e IES.

 

Por fim, no eixo Sustentabilidade e Transformação Digital, vai procurar-se “reforçar a produção de conhecimento, a transferência de tecnologia e o investimento (público e privado) em domínios que contribuam para um território mais resiliente e responsável | ecossistema de inovação ativo e contributivo para os desafios das agendas climática (emissões de GEE; riscos e vulnerabilidades) e societal”, com a intervenção da Câmara Municipal, empresas, IES e entidades de IDI e comunidade.

 

A proposta preliminar do Plano de Ação será complementada pelo II Workshop “Da Visão estratégica à Ação – Contributos para o plano de ação da EMI”, que se vai realizar já na próxima sexta-feira, dia 4 de outubro, às 18h00, na Sala Mondego no Convento de São Francisco. As inscrições devem ser efetuadas através do email cic@cm-coimbra.pt até quarta-feira, dia 2 de outubro.

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