2 Setembro 2024

Coimbra comemora centenário do nascimento de Amílcar Cabral com programa diversificado

Coimbra comemora centenário do nascimento de Amílcar Cabral com programa diversificado

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra, através da Divisão de Bibliotecas e Arquivos Históricos, associa-se à Escola da Noite, à Cena Lusófona nas comemorações, em Coimbra, do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que vão decorrer entre 4 e 13 de setembro. A autarquia participa com duas iniciativas que vão ter lugar no dia 4 de setembro, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal de Coimbra. Música, documentários, apresentações de livros, debates, exposições e instalações, em vários espaços da cidade, integram a diversificada oferta, promovida com o objetivo de homenagear o líder anticolonialista e divulgar o seu legado, mais de cinquenta anos depois do seu assassinato.

A Divisão de Bibliotecas e Arquivos Históricos da CM de Coimbra associa-se às comemorações com duas iniciativas de homenagem a Amílcar Cabral. A primeira é a exposição “Recordar Amílcar Cabral”, que vai estar patente na Biblioteca Municipal de Coimbra de 4 de setembro a 26 de outubro e pode ser visitada, gratuitamente, de 2ª a 6ºfeira das 9h00 às 19h30 e sábados das 13h30 às 19h30. Uma mostra coorganizada pela Biblioteca Municipal de Coimbra, Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Edições Fora de Jogo e Laboratório Associado IN2PAST.

 

A segunda é a sessão de abertura do ciclo “Amílcar Geração e Comemorações em Coimbra do Centenário de Amílcar Cabral”, que terá lugar no próximo dia 4 de setembro, quarta-feira, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal de Coimbra. A sessão inclui a apresentação do livro “O Mundo de Amílcar Cabral”, com organização de José Neves, Rui Lopes e Victor Barros, que contará com as intervenções de Francisco Queirós, Julião Soares Sousa, Maria Inácia Rezola, Teresa Cravo e Victor Barros.

 

O programa de comemorações, que decorre entre 4 e 13 de Setembro, tem como ponto central a apresentação, no Teatro da Cerca de São Bernardo, do espetáculo teatral “Amílcar Geração”, com texto de Guilherme Mendonça e interpretação do ator Ângelo Torres. O programa integra ainda música, documentários, apresentações de livros, debates, exposições e instalações, com o objetivo de homenagear o líder anticolonialista e divulgar o seu legado, mais de cinquenta anos depois do seu assassinato.

 

Realizado por iniciativa da Escola da Noite e da Cena Lusófona, o programa do ciclo “Amílcar Geração e comemorações em Coimbra do centenário de Amílcar Cabral” foi concebido em parceria com mais de uma dezena de instituições que partilham o desejo de homenagear o político, combatente e intelectual guineense. Em Coimbra, juntaram-se à organização a Biblioteca Municipal de Coimbra, o Centro de Artes Visuais, o Centro de Documentação 25 de Abril, o Centro de Estudos Sociais, o Jazz ao Centro Clube (JACC) e a Organização de Estudantes da Guiné-Bissau em Coimbra. A Casa da Cultura da Guiné-Bissau, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, as editoras “Avante!”, Tinta-da-China e Fora de Jogo, o Laboratório Associado IN2PAST, a Paralelo 20 e o Partido Comunista Português completam o leque das entidades parceiras.

Todas as atividades têm entrada gratuita, à exceção dos espetáculos de teatro e música, cujos bilhetes custam 10 euros (sendo aplicável o desconto de meio bilhete para menores de 30 e maiores de 65 anos, estudantes, desempregados e profissionais e amadores de artes do espetáculos). Em relação a estes espetáculos, A Escola da Noite e a Cena Lusófona oferecem 50% das receitas de bilheteira para o angariação de fundos internacional que está a decorrer, com o objectivo de viabilizar a produção do documentário “Amílcar Cabral e a luta de libertação”, um projecto dos realizadores guineenses Flora Gomes e Sana Na N’hada.

 

Programa:

O espetáculo “Amílcar Geração”, estreado em Cabo Verde em 2021, chega finalmente a Coimbra para duas apresentações no Teatro da Cerca de São Bernardo: 12 de setembro, às 19h00, e 13 de setembro, às 21h30. É um monólogo dramático em três atos que tem por tema a vida e o legado de Amílcar Cabral. O primeiro ato é uma evocação de Amílcar Cabral feita a partir de memórias do ator Ângelo Torres. O segundo ato dramatiza uma interpelação de Amílcar aos seus algozes, imediatamente após a sua morte. O terceiro ato põe Amílcar Cabral em contacto com um público num exercício especulativo de explicitação dos seus motivos. Depois de cada sessão, terá lugar uma conversa com o público, na qual participará o ator e pessoas convidadas: a historiadora portuguesa Leonor Pires Martins no dia 12 e o escritor guineense Abdulai Sila e o investigador e ativista guineense Sumaila Jaló no dia 13. Estas conversas são facilitadas por dois elementos d’A Escola da Noite: Ana Teresa Santos e Igor Lebreaud.


A programação inclui também um concerto com a cantora Nené Pereira, uma das vozes mais características e melodiosas no repertório de tina, gumbe, djambadon e singa, géneros tradicionais e ritmos mais vivos da música moderna da Guiné-Bissau. O concerto é coorganizado com o Jazz ao Centro Clube e terá lugar no Salão Brazil no dia 11 de setembro, pelas 21h30.

No capítulo dos documentários, serão exibidos os filmes “Guiné-Bissau: da memória ao futuro”, de Diana Andringa (dia 7); “As duas faces da guerra”, de Diana Andringa e Flora Gomes (dia 9); e “CONAKRY”, de Filipa César, e “O Regresso de Amílcar Cabral”, de Djalma Fettermann, Flora Gomes, José Bolama, Josefina Crato e Sana na N’Hada (dia 10). Todas as sessões têm lugar no Teatro da Cerca de São Bernardo, às 21h30, com entrada gratuita e debate a seguir. Na primeira noite, intervêm, para além da realizadora, o historiador Miguel Cardina e Sumaila Jaló. No dia 9, estão confirmadas as presenças de Diana Andringa, José Manuel Pureza, Luísa Sales e Pedro de Pezarat Correia. Os filmes exibidos a 10 de setembro contarão com os comentários de Kitty Furtado e Sílvia Roque.


O programa inclui, também, a apresentação de cinco livros sobre Amílcar Cabral recentemente publicados. Organizadas em parceria com as respetivas editoras, as sessões oferecem pretextos para o debate em torno de diferentes facetas do legado de Cabral. “O Mundo de Amílcar Cabral” é o primeiro a ser apresentado, a 4 de setembro, na na Biblioteca Municipal de Coimbra. Seguem-se “O dispositivo mnemónico: uma história da memória da luta de libertação em Cabo Verde”, de Inês Nascimento Rodrigues e Miguel Cardina (dia 7, na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona); “Cabral Ka Mori – catálogo de uma exposição” (dia 10, no mesmo local); “Análise de alguns tipos de resistência – edição revista e comentada” (dia 11, na Livraria do TCSB); e “Amílcar Cabral: textos da luta” (dia 13, de novo na Cena Lusófona). Todas as sessões têm entrada gratuita e acontecem às 18h00.


O programa traz ainda a Coimbra, graças ao apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril e das entidades nacionais e internacionais que com ela colaboraram, quatro elementos expositivos que integraram a exposição sobre Amílcar Cabral realizada em Lisboa no ano passado, comissariada por José Neves e Leonor Pires Martins. No foyer do Teatro da Cerca de São Bernardo, o público poderá ouvir fragmentos da Rádio Libertação, emissora radiofónica do PAIGC; ver um conjunto de fotografias de Amílcar Cabral da autoria de Bruna Polimeni; e assistir ao filme realizado entre 1970 e 1971 pelo finlandês Mikko Pyhälä nas regiões libertadas da Guiné-Bissau. Na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona, o Partido Comunista Português expõe a brochura que reproduz a reportagem radiofónica feita por Aurélio Santos para a Rádio Portugal Livre, em 1971, também nas zonas libertadas da Guiné-Bissau.

A par destas quatro instalações, três das bibliotecas e centros de documentação da cidade associam-se ao programa e destacam partes dos seus próprios acervos. A Biblioteca Municipal de Coimbra exibe “Recordar Amílcar Cabral”, exposição bibliográfica realizada a partir do seu espólio documental: biografias, textos políticos e publicações periódicas. O Centro de Documentação 25 de Abril organiza “Amílcar Cabral: fragmentos de uma luta”, mostra documental que reúne testemunhos da luta de libertação dos países colonizados e da atenção que os meios de comunicação internacionais dedicavam a essa luta. A Cena Lusófona preparou a exposição “Guiné-Bissau e Cabo Verde no Centro de Documentação e Informação da Cena Lusófona”, colocando em destaque os materiais do acervo relativos aos dois países de Amílcar Cabral – Guiné-Bissau e Cabo Verde.

 

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