20 Setembro 2022

Câmara de Coimbra vai aproveitar Centro de Arte Contemporânea para requalificar toda a zona

Câmara de Coimbra vai aproveitar Centro de Arte Contemporânea para requalificar toda a zona

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra debateu, na reunião de Câmara de 19 de setembro, uma proposta de estudo prévio para o novo Centro de Arte Contemporânea de Coimbra (CACC). O projeto propõe a requalificação da área norte da rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes, na sua extensão total, com a atribuição de um completo programa dedicado à cultura e à educação, no qual se inserem a requalificação dos antigos edifícios do Mosteiro de Santa Cruz, estando ainda prevista a execução de um jardim/parque de esculturas e a transferência da escola Jaime Cortesão para os edifícios da Manutenção Militar, atribuindo-lhe uma vocação artística em estreita relação com o CACC e restantes equipamentos culturais existentes nesta zona.

O executivo municipal apresentou ontem a proposta de estudo prévio para o novo CACC, no qual se inserem a requalificação dos antigos edifícios do Mosteiro de Santa Cruz, e que surgiu na sequência de um projeto que envolveu o Município e o Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra. O projeto, que foi apresentado pelo arquiteto João Mendes Ribeiro na Reunião de Câmara de 19 de setembro, teve um consenso unânime do Executivo e vai ser agora trabalhado com as respetivas entidades.

 

O projeto é uma proposta “ambiciosa” que daria “um outro valor à zona central da cidade”, afirmou na reunião o presidente da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, José Manuel Silva. Admitindo que este é um projeto para “nem um, nem dois”, mas sim três mandatos, José Manuel Silva defendeu que “Coimbra merece um projeto desta dimensão”. Segundo o autarca, este é um primeiro passo “de um longo trajeto de trabalho”, realçando a importância de dialogar agora com instituições como a PSP ou o Ministério da Educação, mas também com a Direção-Geral do Património Cultural, para assegurar que esta relocalização não implica uma perda da coleção ex-BPN, que está na posse do município. José Manuel Silva salientou ainda a importância de haver uma unanimidade em torno do projeto, “para Coimbra ter a força para o concretizar”.

 

De 29 de janeiro a 9 de abril deste ano, a Sala da Cidade apresentou a exposição Projetos para o Mosteiro, realizada pelo Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra em colaboração com o Município, criada a partir de um projeto de investigação financiado pela FCT e que contou também com a apresentação de projetos de alunos finalistas do Departamento de Arquitetura da Universidade, coordenados pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, para a instalação de um núcleo museológico e interpretativo no Mosteiro de Santa Cruz e área envolvente. De entre os projetos apresentados, mereceu especial atenção o que propunha a reconstrução da antiga Torre dos Sinos, demolida em 1935 e que continua a marcar a memória coletiva da cidade. “Este foi o projeto inspirador para a proposta que agora se apresenta e que contou com os contributos do coordenador dos projetos apresentados, Arquiteto João Mendes Ribeiro, desafiado a concretizar o estudo prévio”, pode ler-se na proposta aprovada na Reunião de hoje.

 

“Reconhecendo a importância da abordagem da paisagem histórica urbana como meio inovador para preservar o património e gerir as cidades históricas”, o novo projeto aposta na reabilitação e na reinterpretação de toda a área norte do conjunto do Mosteiro de Santa Cruz do período dos sécs. XVII e XVIII, contribuindo para a recuperação do estado de desagregação em que estas antigas dependências monásticas se encontram. A proposta apresenta, assim, a requalificação da área norte da rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes, na sua extensão total, com a atribuição de um extenso programa dedicado à cultura e à educação.

 

As intervenções contempladas neste plano consistem em: “requalificação do antigo celeiro do séc. XVII do Mosteiro de Santa Cruz (atual edifício da PSP) e da antiga enfermaria e dormitório dos séc. XVII-XVIII (atual escola Jaime Cortesão); recriação da Torre dos Sinos do séc. XVII do Mosteiro de Santa Cruz; execução de um jardim/parque de esculturas em substituição das construções de baixa qualidade que se desenvolvem em patamares na escola Jaime Cortesão; e transferência da escola para os edifícios da Manutenção Militar, atribuindo-lhe uma vocação artística em estreita relação com o CACC e demais equipamentos culturais existentes nesta zona”.

 

Como denota a informação, esta intervenção reflete as recomendações da UNESCO sobre o novo conceito de Paisagem Histórica Urbana e que tem vindo a ser adotada por várias cidades europeias onde os Centros Históricos têm uma forte presença.

 

“O novo Centro de Arte Contemporânea deverá constituir-se num elemento estruturante, com uma imagem bem identificada sob o ponto de vista arquitetónico e da sua atividade, de modo a alcançar um impacto positivo junto do público e a tornar-se um espaço aberto à cidade e aos cidadãos”, atesta a proposta que foi também apresentada pelo arquiteto João Mendes Ribeiro na Reunião de Câmara de 19 de setembro.

 

Recorde-se que a 18 de junho de 2020, a Câmara Municipal de Coimbra celebrou com a Direção Geral do Património Cultural o contrato de depósito da coleção Ex-BPN, por 25 anos, com o objetivo de se vir a constituir nesta cidade um Centro de Arte Contemporânea. Este ato administrativo viabilizou a vinda de uma coleção constituída por 193 obras de autores modernos e contemporâneos, portugueses e estrangeiros, na sua maioria com forte expressão nacional e internacional.

 

Por sua vez, a 4 de julho de 2020 foi inaugurado um espaço provisório para acolhimento dessa coleção, no edifício do antigo Banco Pinto & Souto Mayor, sito no Pátio de Almedina, inaugurando-se também o início da sua atividade como Centro de Arte Contemporânea de Coimbra. De acordo com o referido contrato, o Município assumiu o compromisso de vir a constituir um Centro de Arte Contemporânea a partir desta coleção e de outras coleções municipais, no edifício da Antiga Sucursal da Manutenção Militar, sito entre a Rua da Manutenção e a Rua Nicolau Rui Fernandes.

 

Terminado o Programa Preliminar para a instalação do novo CACC no edifício da Manutenção Militar “conclui-se que a área máxima possível para dedicar a exposições seria de 700m2, a área máxima possível para dedicar a reservas seria de 400m2, construídas em cave, e os serviços complementares, administração e cafetaria disporiam de 500m2”, alerta a proposta.

 

“O confronto com estas limitações e a ambição de vir a constituir um novo Centro de Arte Contemporânea com expressão internacional, lançaram o desafio de propor espaços alternativos com capacidade para dar resposta a programas regulares de projetos expositivos, nas suas mais variadas formas, programas de debate e reflexão sobre a criação artística na atualidade, programas educativos, oficinas, visitas, ciclos de cinema, pequenos concertos, cursos e outros projetos especiais, capazes de cativar, envolver e fidelizar públicos, constituindo-se como um novo polo de criação artística e de atração turística”, refere o arquiteto João Mendes Ribeiro na proposta apresentada.

 

 

CM Coimbra/LUSA

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