A Câmara Municipal (CM) de Coimbra vai comprar as duas salas de cinema do Edifício Avenida, tal como anunciou esta tarde o presidente da autarquia, durante uma visita à Casa do Cinema de Coimbra, na presença das três associações responsáveis pela gestão e programação do espaço. O objetivo da autarquia é assegurar a continuidade da dinamização de atividades sócio-cinéfilo-culturais já existentes naquele edifício histórico, nomeadamente do Centro de Estudos Cinematográficos da AAC, da Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas e da Fila K Cineclube, o que eventualmente poderia ser colocado em causa com uma transação do imóvel para investidores privados.
A sala de cinema do piso 0, com uma vitrine anexa, uma cabine de projeções com duas vitrines anexas no piso um e uma área 254,50 m2, onde funciona atualmente a Casa do Cinema de Coimbra, foi adquirida pelo valor de 110.000 euros. Já a sala do piso 7, com um auditório, uma sala, um átrio e uma cabine de projeções, somando 343,60m2, vai ser adquirida pelo valor de 60.000 euros, num investimento que totaliza 170.000 euros. A escritura vai ser realizada em breve.
“Recuperar e manter uma oferta pública e erudita de Cinema em Coimbra, permitindo a reabilitação do conceito de cinema de bairro e de tertúlia cinéfila, que ainda existe na região de Coimbra, é um desiderato importante considerando vários vetores das políticas culturais municipais e nacionais e da preservação de património cultural”, refere o presidente da CM de Coimbra, José Manuel Silva, na proposta encaminhada para a Divisão de Património da CM de Coimbra.
No mesmo documento, José Manuel Silva sublinha ainda o importante papel do Centro de Estudos Cinematográficos da AAC, da Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas e da Fila K Cineclube, que têm permitido “criar na Região de Coimbra um ponto de encontro da cinefilia e dos seus promotores, contribuindo para a coesão regional e nacional na promoção da cultura cinematográfica, com a possibilidade de receber nas suas salas os vários agentes que trabalham na promoção e produção da sétima arte”. Nesse sentido, a intenção da autarquia é que a Casa do Cinema de Coimbra continua a funcionar naquele espaço. Quanto à segunda sala, de maior dimensão, é necessário proceder a uma intervenção infraestrutural.
“A gestão camarária deste espaço, como acontece com outras estruturas culturais locais destinadas a distintas artes performativas, permitirá encontrar, não só uma conciliação entre a oferta programática das eventuais associações residentes, mas também com os demais espaços de exibição da região, nomeadamente o Teatro Académico de Gil Vicente e o Auditório Salgado Zenha. Esta articulação poderá desenvolver na região uma promoção regular e concertada de cinema numa oferta de qualidade, bem como estimular o desenvolvimento de um cluster cinematográfico nas suas várias vertentes: exibição, exposição, formação e debate – tanto especializado, como entre públicos e criadores”, acrescenta o presidente da CM de Coimbra.
As salas do Cinema Avenida têm a capacidade de receber, no imediato, exibições de cinema digital numa tela de sete metros e com som digital 7.1. “Com estas características e valências, estas salas podem ser ainda um espaço de programação laboratorial em articulação com os estabelecimentos de ensino e universitários, promovendo ciclos temáticos com fins pedagógicos, igualmente enquadráveis na perspetiva estratégica da descentralização da Educação”, acrescenta José Manuel Silva.
Recorde-se que, no final de março, a Casa do Cinema de Coimbra anunciou publicamente que estava em risco de fechar, considerando a impossibilidade de as três associações que gerem o espaço assumirem este investimento. Quanto ao histórico Cinema Avenida, importa sublinhar que foi um dos primeiros recintos do país a receber o cinema como forma artística, sendo, durante muitas décadas, um dos principais ecrãs do país.
Este é mais um grande momento para o Cinema, para Coimbra e para a Região Centro.