15 Abril 2025

Jovens intérpretes consideram o projeto RAMPA um “processo de descoberta”

Jovens intérpretes consideram o projeto RAMPA um “processo de descoberta”

O Convento São Francisco acolheu no sábado, dia 12 de abril, um ensaio aberto da 3ª edição do projeto de criação e formação artística na área da dança RAMPA, que este ano conta com direção da coreógrafa Margarida Belo da Costa. O espetáculo “RAMPA.2 When Scars Found Their Home”, a cargo de 16 jovens intérpretes, vai ser apresentado ao público no Dia Mundial da Dança, 29 de abril, às 21h30, no grande auditório do Convento São Francisco, concluindo, assim, um trabalho iniciado no início de fevereiro deste ano. No ensaio, os jovens participantes falaram de um processo de descoberta através da dança e não esconderam que aguardam o próximo dia 29 com expetativa.

O trabalho começou a 2 de fevereiro, data em que os 16 jovens intérpretes foram selecionados para participar nesta edição do RAMPA, que conta com a direção da coreógrafa Margarida Belo da Costa, coadjuvada por Ester Gonçalves. Seguiram-se ensaios à porta fechada todos os fins de semana e neste sábado um  ensaio aberto, de preparação para o espetáculo que será apresentado ao público no próximo dia 29 de abril. Até lá, ainda falta muito trabalho para os 16 jovens, com compreendidas entre 15 e 25 anos, que assume que este projeto como “uma descoberta”.

 

“O processo está a ser muito importante para o nosso crescimento como pessoas e como bailarinos”, refere Rafael Conceição, de 18 anos, que confessou estar com grandes expectativas para o espetáculo do próximo dia 29 de abril. Inês Vidal da Silva, de 20 anos, acompanha-o na perceção do trabalho realizado. Fala de um “processo de escuta e muita descoberta de uma nova fisicalidade” e sublinha que “toda a equipa acrescenta uma essência bonita ao projeto”.

 

Laura Ribeiro, de 16 anos, reforça que tem sido “um processo e uma experiência de autodescoberta e evolução” e que “cada ensaio proporciona a oportunidade de explorar novos movimentos e uma forte conexão com os colegas na partilha da mesma paixão pela dança”. Sobre a coreógrafa Margarida Belo da Costa, Laura destaca a habilidade de “unir as nossas individualidades numa harmonia de diferenças, transformando-as em algo que funcionam em conjunto”.

 

“O processo do RAMPA.2 tem sido profundamente inspirador. A complexidade de articular fisicalidades tão singulares e distintas com o intuito de edificar um coletivo coeso e sensível, constitui, sem dúvida, o motor de uma partilha de saberes genuinamente transformadora”, considera, por sua vez, Margarida Belo da Costa. “A viagem criativa tem sido fértil, em constante mutação – um território em construção, moldado pela escuta, pela entrega e pelo risco. As bases conceptuais que serviram de impulso inicial desdobram-se em múltiplas etapas colaborativas, marcadas pela cumplicidade, intuição e um sentido de grupo cada vez mais enraizado”, acrescenta a coreógrafa, realçando que “desde a transmissão de movimento à desconstrução individual, passando pelo partnering e pela improvisação estruturada, cada fase do processo tem aprofundado a criação numa linguagem comum – plural, instável, viva – onde cada corpo contribui com a sua memória e imaginário”.

 

Sobre o espetáculo, Margarida Belo da Costa adianta que “é uma criação que habita a ruína, não como um fim, mas sim como um lugar de possibilidades. O espetáculo propõe um olhar sobre a destruição como lugar de escuta, entreajuda e reinvenção”. “Num tempo em que o mundo se confronta diariamente com feridas abertas, esta obra convoca a ruína como metáfora do nosso presente coletivo. Um espaço onde as cicatrizes não se ocultam, pois são integradas, acolhidas, compreendidas como parte de um processo de reconstrução mais consciente e humano. Cada gesto nasce da vulnerabilidade, da tensão entre o que se perdeu e o que resiste. Em cena, o corpo coletivo constrói-se na escuta, na partilha e na transformação”.

 

Margarida Belo Costa avança, ainda, que “a paisagem sonora cruza a intemporalidade da música de Carlos Paredes, interpretada ao vivo por Hugo Gamboias, com a crueza e abstração da música eletrónica. Esta fusão sonora acentua o diálogo entre a memória e o presente, a tradição e a contemporaneidade”. Destaque, também, para o desenho de luz, da autoria de Filipa Romeu, que “convoca um espaço em permanente mutação – entre sombras, luz e penumbras – ampliando a poética da ruína e da reconstrução”. “Com estreia no Dia Mundial da Dança, When Scars Found Their Home celebra a potência do movimento como gesto de resistência, reinvenção e de liberdade”, conclui.

 

A diretora do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Coimbra, Maria Carlos Pêgo, e o chefe da Divisão do Convento São Francisco, Filipe Carvalho, também marcaram presença no ensaio aberto. Os responsáveis reforçam que o RAMPA ganhou uma dimensão estruturante e garantem que é, naturalmente, um projeto para continuar.

 

Recorde-se que o RAMPA surgiu em 2023 como resposta a uma carência identificada por jovens bailarinos da região, nomeadamente por sentirem dificuldade de participação em projetos de relevo e no contacto com coreógrafos com referenciado renome nesta área artística. 

 

Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Tiago Costa

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