24 Março 2025

Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea atraiu mais de 20 mil visitantes ao Convento São Francisco

Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea atraiu mais de 20 mil visitantes ao Convento São Francisco

A XIV Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra, que decorreu este fim-de-semana no Convento São Francisco (CSF), acolheu mais de 20 mil visitantes e 50 expositores, afirmando-se como a maior mostra de doçaria do país. A 14ª edição do evento, coorganizado pela Câmara Municipal (CM) de Coimbra, Associação de Doceiros de Coimbra (ADOC) e Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (EHTC), ficou marcada pela elevada adesão, pela lotação dos espaços e pelo cruzamento de públicos em propostas diferenciadas. A próxima edição pretende dar continuidade ao trabalho de salvaguarda, de preservação, de criação e de mediação no âmbito do património alimentar doceiro, bem como consolidar a programação artística em redor do património e da degustação.

 

A Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra consolidou o seu cariz exclusivo no panorama nacional, acentuando a sua tendência de crescimento e dando destaque à vasta representatividade de doceiros, à inovação e à arte de saber-fazer numa edição onde estiveram, provavelmente, mais de 20 mil pessoas.

 

Cumprindo com a ambição de aumentar os espaços de circulação e de melhorar as condições de acolhimento dos visitantes, a iniciativa ampliou-se para o Claustro, num convite à descoberta do CSF e da diversidade do património doceiro. Esta edição “foi um sucesso e colheu uma elevada satisfação tanto por parte dos doceiros, quanto do público”, considera o presidente da ADOC, Ricardo Paiva.  A abertura do Claustro e a instalação da zona lounge coberta foram fatores distintivos que permitiram “um maior conforto, incentivando a permanência do público no evento, ao invés da mera circulação pelos espaços”, contribuindo para a elevada afluência e para a fruição das várias valências deste equipamento cultural, ao longo dos dois dias da iniciativa.

 

Os 50 expositores nacionais e internacionais contaram, ainda, com o volume de vendas superior à última edição e houve necessidade de reposição de produtos nos expositores, alguns dos quais com stock esgotado antes do encerramento do evento.

 

No âmbito da participação internacional de cidades geminadas com Coimbra, salienta-se a presença de Aix-en-Provence (França), Salamanca, Zamora e Santiago de Compostela (Espanha). As cidades-irmãs de Aix-en-Provence e de Zamora participaram pela primeira vez no certame, evidenciando a dinâmica e o potencial da Mostra enquanto modelo de evento que promove a economia, a gastronomia e as relações protocolares.

 

O fomento do património imaterial do concelho e da região, na arte do saber fazer, refletiu-se na presença da Tecelagem de Almalaguês, da Faiança de Coimbra, da Cestaria, dos Palitos de Lorvão e das Colheres de Pau.

 

Na dimensão do estímulo à criação, a parceria com a ADOC e com a EHTC prosseguiu o seu papel de relevo, através da realização de workshops e de degustações. O balanço foi “muito positivo, sendo a Praça do Restaurante uma mais-valia para estas apresentações, num evento que cresce de ano para ano”, afirmou Eduardo Vicente, chef da EHTC.

 

Assim, o segmento “Do Convento para o Bar”, dinamizado pelos chefs Eduardo Vicente e Luís Gomes, deu a conhecer “São rosas, senhores”, uma bebida inovadora que celebra os 500 anos de beatificação da Rainha Santa Isabel e que soma à composição de licores de aguardente e de laranjas de Coimbra os aromas do doce “Rosas da Rainha”, numa dacquoise finalizada com pó de rosas.

 

Na programação de sábado, a Pastelaria Briosa e o Moinho Velho juntaram-se na rubrica “Doces da Casa” para partilhar e dar a provar o processo de confeção do pastel de Santa Clara. Seguiu-se o lançamento da obra “Arroz-Doce. O livro”, numa apresentação orientada pelo gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes, que contou com a presença das autoras do livro (Dora Caetano, Ana Silvestre e Susana Jorge) e do presidente da Câmara, e convidou à descoberta dos segredos e histórias desta sobremesa. Na dimensão do conhecimento associado às novas criações, “Os Doces Também se Bebem” revelou o “Caxôpim”, um pudim elaborado com caxôpo de maçã e caxôpo de malta, bebidas concebidas pela Praxis.

 

No domingo, no eixo da programação desenhada para as famílias, o chef Gabriel Faneca orientou o workshop “Mãos na massa”, destinado ao público infantil, no qual as crianças foram as protagonistas na confeção e decoração de bolachas de manteiga com chocolate. A manhã de domingo terminou com “À roda do tacho: Sabores tradicionais de família”, em conjunto com a Confraria dos Sabores de Coimbra, divulgando a receita das “Canelinhas”.

 

Na esfera da promoção da doçaria além-fronteiras, a rubrica programática “Doçuras Geminadas” incluiu a apresentação ao vivo de uma tarte de amêndoa, seguida de degustação, conduzida pelo chef José António Martinez, de Santiago de Compostela.

 

A programação contou ainda, sábado e domingo, com a rubrica “Ouvir quem sabe fazer”, que proporcionou momentos de conversa entre o público e os produtores. Estrelas de figo (Doçaria do Sul), crúzios (Café Santa Cruz), suspiros (Pastelaria Briosa), bombons de chocolate (Cavalo Azul), marmelada de Odivelas, os pães-de-ló de Alfeizerão e de Ovar (Casa do Pão de Ló de Alfeizerão e Casa das Festas), arrufadas de Coimbra (Grupo Folclórico de Coimbra), pudim das Clarissas (Cordel Maneirista) e arroz-doce (Confraria do Arroz-Doce) deram corpo a esta experiência, que propôs a reflexão em torno do processo de criação, cujo resultado se materializa em especialidades da doçaria portuguesa.

 

Na lógica de partilha de experiências e dos processos de criação, “À mesa é que gente se entende: Conhecer e valorizar o saber-fazer da doçaria portuguesa” reuniu um painel de convidados integrado por Elsa Silva (produtora de marmelada branca de Odivelas), Alexandra dos Santos (proprietária da mercearia especializada Doçaria do Sul), Cláudia Mataloto (Cascais Food Lab) e Luís Gomes (Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra), em torno de uma mesa-redonda que se debruçou sobre os desafios da preservação e salvaguarda do saber-fazer associados à doçaria portuguesa e, neste contexto, sobre o papel da pesquisa, do desempenho da oferta formativa e ainda dos projetos de mediação na promoção da herança doceira.

 

Na esfera da programação artística, a 14ª edição agregou novas dimensões à oferta cultural do evento, com momentos de afirmação da componente artística. O primeiro dia terminou com o espetáculo “A Poesia é para Comer – vol.II”, um recital que funde poesia e doçaria na voz de Pedro Lamares e nas mãos do chef Luís Lavrador. Partindo de uma viagem de palavras agridoces, o público foi convidado a experimentar não apenas os sabores únicos da doçaria conventual coimbrã, mas também as palavras que se provam, mastigam e alimentam. Uma iniciativa encomendada pela CM de Coimbra, que encheu a Sala Mondego.

 

A Mostra terminou com o espetáculo de stand-up comedy “Aleixo Amigo – um show muito seu amigo ao vivo”, com lotação esgotada. O Grande Auditório do CSF levou a palco os criadores do embaixador da Mostra e icónico defensor da região de Coimbra, Bruno Aleixo e Pedro Santo, que ajudaram, de forma interativa, o público a resolver os problemas e os dilemas pessoais apresentados pela plateia, ao vivo, numa sessão única e diferenciada.

 

Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Catarina Gralheiro

Créditos fotográficos: Coimbra Explore

Vídeo: Coimbra Explore

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