A única proposta para o segundo troço da linha de alta velocidade, entre Oiã e Soure (e que abrange Coimbra e a construção de uma estação intermodal) “deverá ser excluída” e deverá ser lançado um novo concurso público, por não respeitar a solução global desenvolvida pela Infraestruturas de Portugal (IP), afirmou a vereadora dos Transportes e Mobilidade, Ana Bastos, durante a reunião do executivo municipal.
Este é “um desfecho inevitável”, considerou Ana Bastos, uma vez que a proposta apresentada pela Lusolav, consórcio liderado pela Mota-Engil, vai contra os pressupostos estabelecidos no caderno de encargos, nomeadamente por criar uma variante em Coimbra e deslocalizar a futura estação intermodal de Coimbra-B (Estação Velha) para Taveiro, como forma de poupar os custos em cerca de 500 milhões de euros, explicou.
O Jornal de Negócios avançou, na passada terça-feira, que o júri do concurso público para este troço concluiu, no relatório preliminar, que a Lusolav não cumpre o caderno de encargos e recomendou a exclusão da única proposta apresentada.
A vereadora Ana Bastos argumenta que não há qualquer erro de medição do projeto ou problema associado à estação em Coimbra-B que justificasse uma mudança do local, defendendo que a IP deve atualizar o preço base associado à parceria público-privada (PPP) relativa a este troço, promover junto do Governo uma nova autorização de despesa e relançar o concurso “com a maior urgência possível, de forma a minimizar o impacto no cronograma geral do projeto”. A vereadora acredita que a atual situação pode atrasar o processo em cerca de seis a sete meses.
Ana Bastos falou do assunto na sua intervenção no período antes da ordem do dia na reunião da CM de Coimbra, que decorreu ontem. A vereadora reafirmou que a mudança de localização da estação para Taveiro traria vários problemas e seria até mais dispendiosa, além de ter de se pensar numa expansão do Sistema de Mobilidade do Mondego até à estação da linha de alta velocidade. Caso a estação ficasse em Taveiro, ficaria a IP responsável pela quadruplicação da linha até Coimbra e a requalificação da estação de Coimbra-B, ações que ultrapassariam “largamente o custo de 500 milhões de euros, que se procuram poupar”, reforçou Ana Bastos, lembrando que implicaria, ainda, outros atrasos, pelos estudos necessários sobre a localização de uma nova estação.
Além das questões financeiras, Coimbra-B “é a localização estratégica e focal em termos de intermodalidade”, pela forma como se articula com os diferentes modos de transporte, sendo também a oportunidade “para se fazer cidade, potenciando a criação de uma nova centralidade urbana”, defendeu. “Este processo é imparável e Coimbra não irá perder a oportunidade de colocar a cidade ao nível de outras cidades de referência europeias”, vincou Ana Bastos.
A IP lançou em 26 de julho o concurso internacional para a PPP no segundo troço da linha de alta velocidade, com as propostas a poderem ser apresentadas até janeiro de 2025, na altura com um valor máximo de adjudicação de 1,6 mil milhões de euros.
LUSA/ CM de Coimbra