Janet Cardiff e George Bures Miller são os artistas escolhidos para a edição de 2025 do solo show, exposição monográfica que o Anozero promove entre bienais. Os artistas, que vivem e trabalham no Canadá, são reconhecidos internacionalmente pelas suas instalações sonoras multimédia imersivas e pelas suas caminhadas áudio/vídeo.
Em Coimbra, apresentam mais de uma dezena de obras que poderão ser visitadas no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, entre 5 de abril e 5 de julho. A “Fábrica das sombras” é o título da exposição que tem curadoria do CAPC. Destaca-se a primeira apresentação fora dos Estados Unidos de “The Infinity Machine” e a exibição do multicelebrado “Forty Part Motet”.
A expor pela primeira vez individualmente em Portugal, Janet Cardiff e George Bures Miller são, nas palavras de Carlos Antunes, diretor do CAPC, “dos mais significativos herdeiros de uma certa ideia wagneriana de obra de arte total — Gesamtkunstwerk —, aqui despojada de qualquer pretensão de exuberância visual operática”.
Usando poucos recursos cenográficos – mesas, cadeiras, altifalantes, colunas, espelhos, livros, instrumentos musicais, televisores e outros dispositivos tecnológicos antigos —, a sua obra reclama a atenção de todos os sentidos do espectador, e fá-lo em particular a partir das capacidades escultóricas do som. A Fábrica das Sombras é, para Carlos Antunes, “a espoleta para a revisitação das nossas memórias individuais e coletivas”.
Na presença da complexa história e significado arquitetónico do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, espaço de matriz religiosa transformado em quartel militar e em sede do Anozero – Bienal de Coimbra, “A Fábrica das Sombras” procura enunciar pistas de leitura deste conjunto monástico, ressignificando a obra dos artistas e o próprio espaço. A presença desta dupla de artistas neste edifício emblemático consolida-o como lugar central para a inscrição da arte contemporânea em Portugal e na Europa.
Janet Cardiff e George Bures Miller foram, em 2001, os representantes do Canadá na 49.ª Bienal de Veneza, onde receberam o Prémio Speciale e o Prémio Benesse. Mais recentemente, apresentaram a sua obra no Museu de Arte Contemporânea de Monterrey, México (2019), em Oude Kerk, Amesterdão, Países Baixos (2018), no 21st Century Museum, em Kanazawa, Japão (2017), na Fundação Louis Vuitton, Paris, França (2017), no Museu de Arte de Aarhus, Dinamarca (2015), no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha (2015), na Menil Collection, Houston, E.U.A. (2015), na Bienal de Sydney, Austrália (2014); no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, E.U.A. (2013); e na Documenta 13, em Kassel, Alemanha (2012). Em 2011, receberam o Prémio Käthe Kollwitz, da Alemanha.
O Anozero – Bienal de Coimbra é uma iniciativa organizada pelo CAPC, CM de Coimbra e UC desde 2015. É também um programa de ativação e reflexão sobre espaços patrimoniais, cujo momento fundador foi a classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO, em 2013.
A média de cerca de 100 mil visitantes por edição fazem do Anozero – Bienal de Coimbra o evento de Arte Contemporânea mais visitado do país.