José Manuel Silva aproveitou a ocasião para afirmar Coimbra como uma cidade pró-ambiente, desde logo na própria elaboração da estrutura orgânica da autarquia, que incluiu a criação do Departamento de Ambiente e Sustentabilidade, composto por duas divisões, a Divisão de Alterações Climáticas, Energia, Descarbonização e Natureza e a Divisão de Economia Circular, Proteção Ambiental e Florestas. Um compromisso, sublinhou, que se concretiza em coisas simples, como a decisão de ocupar todas as caldeiras viáveis com árvores, o que não acontecia há muitos anos, a não utilização de herbicidas para combater as ervas daninhas e a procura de uma nova tecnologia, já testada, baseada na geração de uma descarga elétrica nas zonas a tratar, para substituir o uso do glifosato em espaço urbano, que foi rejeitado pela população numa auscultação informal.
Outro dos exemplos enunciados pelo autarca prende-se com o desenvolvimento do projeto GOLL, que está a ser implementado Pavilhão Municipal Multidesportos Mário Mexia e no Complexo Olímpico de Piscinas, e que foi alvo de uma apresentação pelo vereador responsável pelos pelouros do Ambiente e Sustentabilidade, Carlos Matias Lopes, no final da manhã de trabalhos. O vereador deu a conhecer aos participantes este “projeto piloto” como um “case study” de sucesso, resultado de uma candidatura vencedora da CM de Coimbra e que tem um envelope financeiro de 500 mil euros.
O GOLL está a ser posto em prática nestes dois equipamentos de excelência, frequentados por milhares de utilizadores. De referir que, por exemplo, o Complexo Olímpico de Piscinas tem uma média mensal de 12.697 atletas, e o Pavilhão Municipal Multidesportos Mário Mexia acolhe cerca de 50 eventos desportivos (regionais, nacionais e internacionais) por ano. O GOLL tem como objetivos promover a consciência ambiental dos cidadãos por meio do contexto desportivo, criar um laboratório desportivo verde (Living Lab), que sirva de inspiração ao mundo do desporto, e apresentar boas práticas para melhorar a sustentabilidade ambiental das atividades desportivas.
No âmbito deste programa, Carlos Matias Lopes destacou, entre as ações realizadas e a concretizar, a monitorização e regulação remota, em tempo real, dos consumos de água (contadores de entalpia), luz e temperatura, a substituição da iluminação por tecnologia LED, a instalação de um elevador na piscina de 50 metros do Centro Olímpico de Piscinas Municipais para tornar o equipamento acessível a todos, para além de várias ações de sensibilização, apoiadas por atletas de Coimbra que se destacam a nível mundial.
Os resultados deste programa estão à vista de todos, com a redução da fatura da eletricidade, diminuição do consumo de gás natural e de água e, para o futuro, Carlos Matias Lopes destacou como linhas de ação a ativação de uma comunidade de energia renovável (CER), envolvendo escolas, Instituto Politécnico e outros espaços desportivos locais, o apoio e adoção de sistemas inovadores de tratamento de água das piscinas municipais e que reduzam, ainda mais, os consumos de água e a promoção de um sistema de gestão para melhorar a sustentabilidade ambiental das infraestruturas desportivas.
Os trabalhos no período da manhã terminaram com a intervenção da secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, que salientou a pertinência do tema em debate, afirmando que as alterações climáticas exacerbam as desigualdades em matéria para a saúde entre populações, agravam problemas crónicos de saúde, como doenças respiratórias e cardiovasculares, e colocam pressão nos serviços públicos de saúde. Ana Povo salientou, ainda, a necessidade e a importância de um trabalho conjunto entre especialistas da área do urbanismo e de saúde para se melhorem as condições de vida das populações e mitigarem os efeitos das alterações climáticas.
Encerrou-se, assim, a manhã da conferência que começou com a intervenção de Luís Campos, presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente, e teve a participação de Alfredo Dias, vice-reitor da UC para o Património, Edificado e Turismo. A conferência foi composta por painéis sobre “Refúgios de Calor”, “Urbanismo e Alterações Climáticas” e “A Poluição Impossível de escapar: PFAs, Luz, Som, e Microplásticos”, e houve ainda um espaço de comentário de Isabel Henriques, investigadora do grupo ONE HEALTH. Da parte da tarde, realizaram-se três workshops, sobre “Como transformar a nossa casa para a eficiência energética?”, “Ecoansiedade” e “Uma horta em qualquer lado: a permacultura é possível na cidade?”.
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Catarina Gralheiro