Num perímetro que se estendeu desde o Largo da Sé Velha até ao Arco de Almedina, a 29a edição da Feira Medieval teve como mote os “960 anos da conquista definitiva de Coimbra por Fernando Magno, ficando o governo da região entregue a D. Sesnando”, decorreu no centro histórico e, pela primeira vez, instalou-se no espaço público desde a noite de sexta-feira até domingo, com a recriação constante do ambiente da época medieval.
A Feira Medieval de Coimbra é organizada pela autarquia e conta com a animação da Companhia Almanach, que assumiu o papel principal nesta vertente e na da figuração, tendo ainda como parceiros a Diocese de Coimbra, da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra e os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC). O certame é um dos mais antigos do país e pauta-se pelo rigor da recriação histórica do período representado, contando com dezenas de figurantes vestidos a rigor e com aromas e sabores, música, sons e ruídos que transportam os visitantes até à época medieval. De realçar que a Sé Velha de Coimbra é um edificado medieval, o que confere uma maior relevância e rigor histórico ao evento, e valoriza, em simultâneo, o património classificado da UNESCO.
O evento acolheu níveis de afluência inéditos, com milhares de pessoas a visitar o centro histórico ao longo dos três dias, assinalando o êxito da iniciativa. Neste âmbito, de salientar a elevada adesão do público à Ceia Medieval, com lotação esgotada 24 horas após a sua divulgação. Já na ótica dos feirantes, evidencia-se o balanço positivo e o sucesso do volume de vendas, registando-se ruturas de stock no sábado e no domingo, bem como a necessidade de reposição em alguns dos mercadores. O evento mobilizou, ainda, um vasto conjunto de associações de Coimbra e comerciantes da área envolvente, que se juntaram aos mercadores e às tabernas, com oferta de produtos gastronómicos, das artes e ofícios característicos da época, destacando-se a oferta programática convergente, que contou, para além das propostas gastronómicas em vários espaços de restauração e pastelaria, com uma exposição/instalação, acrobacias e também visitas guiadas baseadas na temática do evento.
A Alta da cidade voltou, assim, a transformar-se num cenário “vivo” da época medieval, este ano num perímetro ainda mais alargado do que o ano passado, estendendo-se a artérias como o Quebra-Costas, Pátio e Largo do Castilho, Rua Fernandes Tomás, até ao Arco de Almedina, permitindo aos visitantes uma viagem inédita até à Idade Média, através do contacto com os sabores, os aromas, os ruídos, os ofícios, a animação e o modo de vestir, recriado por dezenas de figurantes. Nesta viagem que reproduziu o ambiente mercantil e a sociabilidade da altura, o acampamento e o Hospital Tomar Honoris proporcionaram a diversão e o lazer que caracterizam a dinâmica do evento.
A reconstituição da época medieval começou na sexta-feira, nas escadas da Sé Velha, onde a Companhia Almanach deu as boas-vindas aos comensais, com a abertura do arraial e arruadas de trovadores, momento que contou com a presença do executivo municipal e de outros convidados. A receção dos comensais seguiu, depois, para os Claustros, onde decorreu a Ceia Medieval. A confraternização à mesa com Fernando Magno de Leão e Sesnando Davides foi confecionada e servida pelos SASUC, sob coordenação geral de Mauro Rodrigues. O serão contou com vários momentos de animação e de recriação de cunho medieval.
A programação de sábado, dia 20 de julho, teve início às 12h00, com a Abertura do Mercado, seguindo-se um vasto conjunto de ações que integraram uma exposição de artefactos bélicos, panejamento e acampamento castrense, a presença de várias tabernas, animação com saltimbancos e menestréis e um Cortejo Histórico para a visitação de Dom Sesnando Davides. A partir das 15h00, nos claustros da Sé Velha, teve lugar a conversa “Antes pastar camelos que ser criador de porcos. Alimentação e religiões ao tempo de D. Sesnando”, a cargo de Luís Lavrador e João Pedro Gomes (Instituto Politécnico de Coimbra/Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra). Por todo o recinto do evento, o período da tarde foi preenchido com vários quadros de animação permanente, com propostas programáticas que englobaram encenações e narrativas teatrais, treinos de arco e espada, espetáculos de dança e de teatro de fogo. A encerrar o segundo dia da Feira Medieval, às 23h30, foi feito o encerramento dos festejos e a ronda dos aguazis.
No domingo, dia 21 de julho, o evento teve início às 12h00 com a Abertura do Mercado e arruada de trovadores. Duas horas depois, às 14h00, começou o Cortejo de anunciamento do nascimento da filha de Dom Sesnando, com Justas cortesias por cavaleiros vilãos seguido de festa com jograis e menestréis. A tarde de domingo foi também preenchida com a reposição de figuras e quadros da época. O encerramento da 29ª edição da Feira Medieval de Coimbra foi assinalado com os Autos de encerramento da Feira e lavagem dos cestos e almotolias.
A Feira Medieval de Coimbra vai regressar no próximo ano para a sua 30a edição, de 18 a 20 de julho.
