A iniciativa “Sabores da Escrita” assinala, no próximo dia 17 de maio, os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões e recorda o episódio, normalmente conhecido por “ilha dos amores”, descrito na obra “Os Lusíadas”. É um conjunto de estâncias, anormalmente extenso e complexo, em que se representa a ideia de felicidade plena. Depois da consumação amorosa, que ocorre após o desembarque, lusitanos e ninfas sentam-se, aos pares, numa mesa presidida por Vasco da Gama e pela deusa Tétis. As iguarias que são servidas e o efeito invulgar que provocam nos comensais serão objeto de descrição e análise.
Os “efeitos invulgares” só o poeta os consegue descrever, mas no próximo dia 17, antes do repasto, José Augusto Bernardes, autor de “A Oficina de Camões. Apontamentos sobre Os Lusíadas”, vai falar sobre este nome ímpar da cultura portuguesa. Neste livro, com a chancela da Imprensa da Universidade de Coimbra, o autor dedica um capítulo aos “Os altos manjares, excelentes vinhos odoríferos e a ideia camoniana de redenção” e faz menção à dívida de D. António, senhor de Cascais, para com poeta, de “seis galinhas recheadas ‘por uma cópia que lhe fizera’”, focando que Camões apenas recebeu meia galinha. “O poeta, contudo, não se deixa iludir por este ‘princípio’ e recorda a dívida que fica em aberto. E assim reza a ‘volta’: ‘Cinco galinhas e meia deve o Senhor de Cascais; e a meia vinha cheia de apetitos para as mais’”, lê-se na obra de José Augusto Bernardes.
E é, precisamente, com galinha recheada com espargos que os comensais vão ser presenteados no banquete de dia 17 de maio, em que há também caldo de peixe e, como antepasto, pão, picado de vaca, desfeito de carneiro, peixes de molho, escabeche de pescado. Para fechar, biscoitos com conserva de doces e outros manjares. E tudo isto envolvo em “vinhos odoríficos”, no caso Malvasia. O jantar temático, que tem início às 20h30, carece, contudo, de inscrição prévia para o e-mail dct@cm-coimbra.pt e tem um custo de 22,50 euros por pessoa.
A iniciativa “Sabores da Escrita” é uma organização da Câmara Municipal de Coimbra, através da Divisão de Bibliotecas e Arquivo Histórico, com a parceria da FLUC, através da Direção do DIAITA – Património Alimentar da Lusofonia e do Doutoramento em Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades e do Seminário Maior de Coimbra.