12 Março 2024

Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea atraiu milhares de pessoas a vários espaços do Convento São Francisco

Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea atraiu milhares de pessoas a vários espaços do Convento São Francisco

O regresso da Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra a vários espaços do Convento São Francisco (CSF) solidificou o caráter excecional deste evento no panorama nacional através de uma coorganização do Município de Coimbra, a Associação de Doceiros de Coimbra (ADOC) e a Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (EHTC). O sucesso da décima terceira edição da iniciativa, que decorreu no fim de semana, demarcou-se pela elevada afluência, mas também pela diferenciação das propostas do programa artístico e cultural, que agregou inovadoras dimensões ao evento, fomentou o cruzamento de públicos e encheu várias salas do CSF. A próxima edição pretende dar prossecução ao estreito diálogo com os parceiros, dar continuidade ao trabalho de salvaguarda, de preservação, de criação e de mediação no âmbito do património alimentar doceiro, e ainda, consolidar a programação artística em redor do património e da degustação.

A edição deste ano da Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra expandiu a iniciativa para outros espaços do Convento São Francisco, conferindo-lhe uma maior amplitude através da utilização das várias valências deste equipamento cultural, conferindo um caráter único a este evento assente na proposta de cruzamento entre a tradição e a contemporaneidade, num espaço patrimonial emblemático que permitiu criar uma oferta programática distinta/diferenciadora. O último fim-de-semana incentivou os muitos visitantes que se deslocaram ao Convento São Francisco à descoberta da diversidade das iguarias presentes nos vários espaços, e ainda, dos workshops e espetáculos que integraram a oferta cultural do programa, ao longo dos dois dias do evento.

 

 

O património alimentar doceiro de Norte a Sul do país esteve em destaque nos 47 expositores, com um “balanço muito positivo, em termos de vendas e visitantes”, sendo a melhoria das condições de acolhimento para os doceiros e visitantes fatores distintivos do evento, considerou Gabriel Faneca, presidente da Associação de Doceiros de Coimbra (ADOC). As “novas oportunidades de amplitude, o espaço nobre que dá um maior realce à doçaria e a elevada afluência de público” contribuíram para que a tendência de crescimento da mostra superasse a do ano anterior.

 

A presença internacional na Mostra, com as cidades geminadas de Salamanca e de Santiago de Compostela, ou ainda de Alicante, evidenciou “a dinâmica e o volume de vendas”, bem como a importância do impulso desta iniciativa à promoção da doçaria, e ainda, a possibilidade de estabelecer contactos e gerar cadeias de valor associados a esta tipologia de património alimentar.

 

No âmbito do impulso à criação, os workshops temáticos, dinamizados pelos chefs Eduardo Vicente, Luis Gomes, Paulo Queirós, Ricardo Paiva e por Pedro Batista, convidaram o público para a degustação de doces em harmonização com bebidas, em que “a interação com todos, num ambiente descontraído, em cruzamento com a dimensão do conhecimento e a possibilidade de relação com os produtores constituíram uma vantagem acrescida”, consideraram os chefs Eduardo Vicente, Luis Gomes e Paulo Queirós.

 

Nesta dimensão de conhecimento associado às novas criações, Joana Barrios reconstruiu a receita do manjar branco, num espetáculo performativo e de culinária, obtendo uma resposta muito satisfatória por parte do público: “Mil vivas a um público excelente, a uma Mostra maravilhosa super bem organizada, riquíssima e muito generosa”, considerou a artista.  A Confraria do Arroz-Doce apresentou também uma novidade: arroz-doce aromatizado com água de rosas, decorado com pó e pétalas desta flor.

 

Na esfera da programação artística, a décima terceira edição renovou-se com momentos inéditos e de cruzamento de públicos, agregando uma dimensão de cariz social e multidisciplinar à oferta cultural da Mostra. Assim, o workshop “Doces Proibidos”, dinamizado pelos mestres chocolateiros do Centro Cavalo Azul, resultou na confeção do bombom “Sabor da Liberdade”, evocando um momento singular (aliado à leitura de poemas pelo coletivo declAMAR Poesia, com a temática do 25 de abril), que superou as expetativas e deu visibilidade à inclusão.

 

O primeiro dia do evento ficou ainda marcado pela atuação única da Canção de Coimbra, protagonizada por António Dinis, acompanhado por Paulo Larguesa (guitarra clássica) e Simão Mota (guitarra de Coimbra), no Café-Concerto. Na programação de domingo, a confeção de arroz-doce reuniu várias famílias “À roda do tacho” no Café-Concerto, uma atividade proporcionada pela Confraria do Arroz-Doce, seguida pela performance musical “Há sons na cozinha”, do Ensemble de Percussão do Conservatório de Música de Coimbra, no interior da Praça do Restaurante. Para além dos workshops, a conversa “A comer é que a gente se entende” juntou Carmen Soares e João Pedro Gomes numa interessante conversa que desmistificou as caraterísticas atribuídas aos doces no século XXI e a perspetiva histórica, moderada pelo chef Paulo Queirós.

 

O espetáculo teatral imersivo “Comer com os Olhos”, no qual o público preparou e degustou a sua própria refeição, registou uma forte adesão e elevada presença nas três sessões. A criação de Giacomo Scalisi encontrou na Sala Conventual do CSF o enquadramento ideal para o texto de Afonso Cruz, que convocou os participantes para as múltiplas dimensões associadas ao ato de comer, afirmando-se a componente artística no âmbito da programação do evento.

 

O último dia culminou com a voz inconfundível de Buba Espinho, que assinalou os dez anos da elevação do Cante Alentejano a património imaterial da humanidade da UNESCO, juntando-se aos “Bandidos do Cante” e ao Coro das Mulheres da Fábrica, num concerto inédito, no palco do Grande Auditório do Convento São Francisco com plateia cheia. As atuações dos Dixie Gringos e dos Folhas de Pêssego, ao longo dos dois dias, fizeram da Mostra uma festa, ajudando a conduzir o público entre os vários espaços doceiros.

A Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra vai voltar a integrar a agenda cultural municipal em março do próximo ano, dando continuidade e apostando no património doceiro presente, na proximidade entre os vários agentes económicos e destes com o público, no incentivo às criações alimentares inovadoras e na programação artística e cultural associada ao património e ao ato de degustar, em parceria com a ADOC e a EHTC.

 

Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Catarina Gralheiro e Coimbra Explore

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