O estudo prévio indica que para estas propostas partiu-se dos corredores estudados na primeira década deste século, tendo por base os novos pressupostos do atual projeto AV, designadamente a bitola ibérica, o serviço AV nas estações existentes, isto é, em Coimbra B, e articulação da rede AV com a atual Rede Ferroviária Nacional. O documento adianta ainda que, no trecho Centro, foram estudadas várias soluções, que se localizam agora numa zona com menos ocupação urbana, não exigindo a construção de túneis e, simultaneamente, encurtando a extensão da ligação à Linha do Norte em Taveiro.
“Para garantir o serviço AV na atual estação de Coimbra B, concluiu-se que a única hipótese passa pelo alargamento para quatro vias da Linha do Norte entre Taveiro e Coimbra B, associado às ligações à Linha Norte de Taveiro e Adémia, aumentando, assim, a capacidade na Linha Norte”, refere o estudo. Em suma, no Centro estão em análise três alternativas e o projeto engloba a quadruplicação da Linha do Norte entre Taveiro e a Estação de Coimbra B, que será reformulada para acomodar a Linha de Alta Velocidade.
O objetivo principal, segundo o documento, “foi o de procurar alternativas de traçado que se afastassem o mais possível dos perímetros urbanos e de outras condicionantes territoriais, procurando, sempre que possível, evitar provocar impactes noutros locais, semelhantes àqueles que se estariam a eliminar ao deslocar a alternativa de traçado”.
A área em estudo na zona Centro diz respeito à zona de travessia dos concelhos de Condeixa e Coimbra e do vale do Mondego. Trata-se, refere o estudo, de uma zona densamente povoada e com um conjunto de condicionalismos à passagem de uma infraestrutura como esta, das quais se destaca, para além das áreas urbanas, o aproveitamento hidroagrícola do Mondego, a Mata Nacional do Choupal e a Escola Superior Agrária de Coimbra.
A inserção das ligações Linha de Alta Velocidade sul/ Linha do Norte é feita entre o apeadeiro de Vila Pouca do Campo e a estação de Taveiro, próximo da zona comercial e industrial de Taveiro.
Os principais condicionamentos relativos à quadruplicação da Linha do Norte, refere ainda o estudo, prendem-se com a ocupação urbana adjacente à atual linha e com as obras de arte atuais que não têm gabarit horizontal que permita acomodar as futuras quatro vias. O alargamento será feito para ambos os lados da Linha do Norte em função da ocupação urbana, visando sempre minimizar a afetação de habitações, e contempla diversos muros para proteção do edificado, assim como vários caminhos laterais para restabelecer vias interrompidas. Adicionalmente, o tráfego ferroviário não poderá ser interrompido durante a ampliação da Linha do Norte ou da Estação de Coimbra B.
A nova ponte do rio Mondego, onde se irão ligar os Viadutos de Bencanta no seu encontro sul, terá uma extensão de cerca de 475 metros e desenvolve-se a jusante e paralelamente à atual ponte da Linha do Norte. De modo a minimizar a interferência com o fluxo hidráulico do rio, os alinhamentos dos pilares da nova ponte estão alinhados com os da ponte existente, conduzindo à adoção de vãos tipo de 45 m. Além do atravessamento do rio Mondego, esta obra transpõe a Estrada do Rio, na margem esquerda, as motas de proteção das margens, o extremo nascente da Mata Nacional do Choupal, o rio Velho e ainda a estrada marginal.
A Estação de Coimbra será ampliada para incluir as linhas AV e fica com quatro plataformas de passageiros. A ampliação da estação será feita aumentando longitudinalmente as plataformas de passageiros existentes, de forma a minimizar a perturbação do tráfego ferroviário que terá de continuar a circular, enquanto decorrerem as obras. Em termos de rasante procurou-se que as futuras vias respeitam, tanto quanto possível, as cotas existentes.
É de referir que, no âmbito de uma parceria entre a Infraestruturas de Portugal e a Câmara Municipal de Coimbra, está em curso a elaboração do Plano de Pormenor da Estação de Coimbra, com vista à melhoria das questões urbanísticas e infraestruturais na envolvente da Estação de Coimbra B.
O novo limite de ocupação implica a afetação de habitações, anexos e telheiros, sendo que foram previstos vários muros para minimizar o número de afetações. No caso da quadruplicação da linha do Norte, no trecho antes de Taveiro vão ser afetadas quatro habitações, sete anexos e sete telheiros; já no trecho Taveiro – Casais vão ser afetadas quatro habitações e nove anexos; no trecho Casais – Espadaneira vão ser afetadas nove habitações, nove anexos e cinco telheiros; no trecho Espadaneira – Bencanta vão ser afetadas 11 habitações, oito anexos e três telheiros e no trecho Bencanta – Adémia vão ser afetadas sete habitações, quatro anexos e três telheiros. No total, vão ser afetadas 35 habitações, 37 anexos e 18 telheiros.
A documentação está disponível no Portal Participa, devendo as observações e sugestões serem apresentadas diretamente neste portal. Os documentos também podem ser consultados na página online Câmara Municipal de Coimbra, através Documentos em apreciação pública — Câmara Municipal de Coimbra.
A Câmara Municipal de Coimbra vai criar um gabinete de apoio aos munícipes que irão ser diretamente afetados pelo traçado da linha de Alta Velocidade, de forma a auxiliá-los nas mais diversas áreas, como por exemplo na área social e jurídica, apoiando-os designadamente no processo expropriativo e nos eventuais realojamentos. A informação foi avançada pela vereadora da Mobilidade e Transportes, Ana Bastos, durante a sessão de esclarecimentos que decorreu na União das Freguesias de S. Martinho e Ribeira de Frades.