Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração, Ricardo Lopes, que iniciou funções em maio, disse que o iParque “tem problemas de sustentabilidade graves, que são conhecidos já de longo tempo”. Uma das soluções, segundo o dirigente, passa por gerir os parques industriais de Taveiro e Eiras, que não têm gestão própria (sendo acompanhados pela Câmara Municipal diretamente), nos mais diversos níveis: empresarial, segurança e manutenção dos espaços exteriores.
“Não há uma identidade gestora desses parques e, portanto, é uma forte hipótese, que já está em discussão e a ser trabalhada com a Câmara para que isso aconteça”, frisou o gestor e empresário, de 42 anos. Neste momento, o grande objetivo do Coimbra iParque “é garantir a sustentabilidade desta empresa municipal”. “Porque verdadeiramente esse é o grande desafio que temos de conseguir e temos tido reuniões também com a Câmara Municipal para encontrar esses caminhos. [Os caminhos da sustentabilidade vão ter de passar] por uma abrangência maior desta empresa municipal, porque verdadeiramente sinto que somos quase uma empresa imobiliária, que vende lotes [de terreno] e espaços [no edifício Leonardo Da Vinci]”, sublinhou Ricardo Lopes.
Ao longo de mais de uma década de atividade, o Coimbra iParque conseguiu apenas dois anos de saldo positivo, em 2019 e 2020, em resultado de um perdão de dívida com a falência do antigo Banco Espírito Santo (BES), realçou o responsável. A nova administração do iParque pretende ainda captar investimento de fora para evitar que as empresas que se instalem no parque empresarial se deslocalizem de outras zonas do concelho de Coimbra, que é “um problema atual”. “O interesse era atrair o investimento de fora, porque, neste momento, o distrito e o concelho de Coimbra, em particular, não estão a conseguir captar investimento externo e a continuarmos nesta evolução, em 2026, vamos ficar atrás do distrito de Leiria”, perspetivou Ricardo Lopes.
Após a conclusão da primeira fase em 2010, que abrangeu uma área de cerca de 30 hectares, com a construção de 18 lotes, iniciou-se em junho a segunda fase A de ampliação do parque, que deverá estar concluída em junho de 2023. A intervenção, que representa um investimento de 1,7 milhões de euros com apoio de fundos comunitários, vai disponibilizar mais sete lotes, numa área de 12 hectares intervencionados. O projeto contempla ainda uma segunda fase B, destinada a lotes de maior dimensão, e uma terceira fase, destinada à construção de uma residencial, inclusivamente com hotel e áreas de serviços, e de um heliporto, que a nova administração do iParque pretende reverter.
Para Ricardo Lopes, a área residencial deverá ser revertida também para zona industrial, “aproveitando o espaço existente para criar lotes maiores”. “Temos tido contactos frequentes, mesmo por parte da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que nos abordam com interesse de trazer empresas estrangeiras para Coimbra, mas precisam de áreas de terreno muito maiores, que não temos no iParque”, sublinhou.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração, o executivo da Câmara de Coimbra também concorda com a reconversão da área residencial para industrial. “Até porque nos mete alguma confusão o facto de estarmos a desapropriar terrenos para depois estarmos a vender lotes para a habitação”. “Estamos a equacionar o que vale a pena manter ao nível comercial e de serviços, mas a área residencial deve deixar de existir. A nossa ideia, com o que a Câmara concorda, é que a área residencial deve ser reconvertida”, referiu.
LUSA/CM Coimbra