A mudança de estratégia na cultura da CM de Coimbra foi sublinhada pelo novo diretor do Departamento, Paulo Pires, que, simultaneamente, assume as funções de programador do Convento São Francisco, em entrevista à Agência Lusa. “Há criadores aqui, mas não têm condições”, disse, frisando que se pretende dar espaço a esses criadores na cultura em Coimbra.
Paulo Pires revelou, a propósito, que está a fazer-se um levantamento “de uma série de espaços devolutos na cidade que possam ter condições para ter salas de ensaios” e que, recuperados, possam contribuir para este caminho de apoio à criação artística. Em seu entender, Coimbra “é um território de acolhimento artístico” e, neste momento, urge alterar “esse desequilíbrio” que existe entre os criadores e as condições para a criação.
Um dos locais já identificados e para qual já há uma ideia clara do que fazer é o espaço do antigo Hospital Pediátrico onde a CM de Coimbra quer instalar um centro transdisciplinar de residências artísticas. “Estamos em fase de intenções, queremos concorrer ao próximo quadro comunitário (PT2030) com um centro transdisciplinar de residências artísticas no antigo Pediátrico”, assumiu.
Trata-se de um projeto que precisa tempo para se concretizar e a sua conclusão depende da aprovação da candidatura a fundos comunitários. Mas, para o responsável é, desta forma, que se podem garantir condições para o desenvolvimento das diferentes expressões artísticas, revelando que se projeta construir um espaço equipado com “salas, estúdios, quartos e casas de banho”.
“Tem de haver a dimensão de acolhimento, mas é preciso ser um território de criação e de estímulo à criação, em que os artistas possam ter condições para experimentar e criar”, sublinha, acrescentado que estes espaços são tão importantes para os agentes locais como para acolher “gente de fora que possa trabalhar com gente de cá”.
Para além deste projeto, Paulo Pires identificou também o espaço da Casa da Escrita, onde já funciona o conceito de residência artística, como um dos vetores desta mudança para política cultural de Coimbra. O novo diretor de Departamento pretende que a antiga casa de Cochohel assuma mais a vocação para acolher criadores e que as instalações municipais da Praça da Canção, fazendo jus ao título do primeiro livro de Manuel Alegre que dá nome ao espaço, sejam orientadas para o apoio à cultura.
Para Paulo Pires, é fundamental que a Câmara olhe à volta e dê espaço, com maior abertura, tanto a nível regional como nacional, e que estabeleça uma relação “mais empática” com os agentes culturais. “É preciso haver uma relação de maior proximidade, mais apoiada, mais sustentada. Temos de estar mais atentos e dar um apoio que não passa apenas pelo apoio financeiro”, frisou.
Dentro de breve, adianta Paulo Pires, vai haver mais novidades sobre a estratégia da CM de Coimbra. Para já, o novo diretor de Departamento avançou, apenas, que no próximo ano vai ser dado destaque ao eixo arte e educação e, com esse objetivo, está a trabalhar-se num programa de arte para a infância, numa primeira fase para o pré-escolar e primeiro ciclo, com oficinas, espetáculos, num trabalho conjunto entre os pelouros da cultura e educação.
LUSA/CM Coimbra