Um seminário de arte que reuniu alguns dos mais reconhecidos curadores internacionais, o lançamento da primeira publicação-guia sobre o Turismo de Arte em Portugal e um concerto d’O Gajo marcaram um dos acontecimentos culturais do ano em Coimbra no passado sábado, 30 de julho: o PARTE Summit’22, no Convento São Francisco.
Intervenção do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, na sessão de abertura do PARTE Summit’22
Em primeiro lugar, quero saudar o Dr. Pedro Machado (Turismo do Centro), a Dra. Suzana Menezes (Direção Regional de Cultura do Centro) e o Dr. Américo Rodrigues (Direção Geral das Artes), colegas desta sessão de abertura, e agradecer aos ideólogos (a empresa Flamingo Circuit, da dupla Miguel Mesquita e Sílvia Escórcio) e aos promotores (Turismo de Portugal e Ministério da Cultura através da DGARTES) esta iniciativa extraordinária, inédita e ambiciosa, bem como por Coimbra ser a primeira cidade do país a acolher este evento, o que não é de somenos e é ilustrativo do lugar de referência que queremos ocupar no panorama da arte contemporânea nacional e internacional.
A CM de Coimbra associa-se ao projeto “PARTE – Portugal Art Encounters” porque acredita que é fundamental valorizar a arte contemporânea e aprofundar o diálogo e cruzamento entre os universos da cultura e do turismo, criando-se sinergias, práticas colaborativas e potências convergentes. Por outro lado, consideramos essencial apostar, de forma mais ambiciosa e consistente, no segmento do Turismo de Arte e nas suas múltiplas potencialidades culturais e económicas na Região Centro.
A CM de Coimbra pretende assumir a arte contemporânea como uma das áreas-âncora da sua estratégia cultural e da narrativa identitária do território “Coimbra”, dando-lhe mais recursos, estímulos, capacitação, difusão e promoção a nível nacional e internacional, de modo a garantir uma efetiva continuidade e sustentabilidade dos projetos em curso, de ideias emergentes e de pensamentos divergentes.
A revisão, em curso, da política de eventos da autarquia, da sua gestão da instalação de obras de arte em espaço público, das programações regulares e dos moldes e regras de apoio ao tecido associativo, bem como a captação de fontes de financiamento alternativas, no plano interno e externo, para o eixo cultura-turismo, são igualmente prioridades da Câmara Municipal de Coimbra.
É de frisar que a CM de Coimbra criou recentemente um grupo de trabalho, eclético e abrangente (que inclui agentes e organismos públicos e privados), em torno do ecossistema da arte contemporânea em Coimbra, de modo a lançar questionamentos e a desenhar, em conjunto, projetos, parcerias, concertações programáticas e outras práticas que permitam, pela sua lógica de agregação (e não de dispersão), desenvolver um trabalho mais sustentado, ambicioso e impactante a curto e médio-prazo em torno desta rede cultural específica.
Coimbra apresenta, atualmente, vários equipamentos, massa crítica, projetos e dinâmicas (desde o Centro de Arte Contemporânea à Casa das Artes Bissaya Barreto, do Colégio das Artes à Casa da Esquina, do Videolab ao Centro de Artes Visuais, do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra/Bienal Anozero ao coletivo Pescada n.º 5, da Fundação Inês de Castro ao Centro Cultural Penedo da Saudade, entre outros) que enformam um universo em franca expansão e dotado de um potencial humano, criativo e artístico que é indesmentível e inspirador.
Acreditamos ainda que é necessário, neste território, no campo da arte contemporânea, um trabalho mais qualificado e eficaz nos campos da comunicação e marketing culturais, e da mediação artística (junto das escolas, das comunidades locais e do segmento turístico), de modo a promover uma maior democratização do acesso à cultura e a necessária formação e diversificação de públicos.
Coimbra deseja também estar alinhada com o arranque da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, cujo período de adesão abre já em setembro, de modo que equipamentos deste território possam integrar esta rede e beneficiar de uma lógica de descentralização, de qualificação dos espaços e equipas, de apoio financeiro à programação e de maior circulação de obras de arte. Relembre-se que Coimbra vai beneficiar de apoio através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o qual vai abranger equipamentos culturais ligados à arte contemporânea no âmbito da transição digital.
É crucial que a arte contemporânea em Portugal possa ganhar, cada vez mais, uma dimensão internacional, que sejam desenhadas parcerias estratégicas com outras geografias e que haja uma vital circulação de curadores, obras de arte e mediadores.
Finalmente, relevo a intenção da CMC de concorrer aos fundos estruturais do Portugal 2030 com um novo projeto para a reinstalação de um grande Centro de Arte Contemporânea de Coimbra.