O projeto “SANTACRUZ” envolve o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e o Departamento de Arquitetura (Darq), numa iniciativa que parte do estado de desagregação do antigo Mosteiro de Santa Cruz para revalorizá-lo, através de três vertentes: o estudo histórico das antigas dependências monásticas, a reconstituição através de um modelo 3D daquilo que seria o monumento em 1834 e um projeto urbano e de arquitetura para a zona.
Segundo o coordenador do projeto, Rui Lobo, foram desafiados vários alunos finalistas do curso de arquitetura da Universidade de Coimbra para apresentarem propostas e projetos para a instalação de um núcleo museológico e interpretativo do antigo Mosteiro Santa Cruz, bem como para a requalificação da zona envolvente, partindo do legado daquele edifício.
As propostas serão apresentadas no sábado, pelas 15:00, na Sala da Cidade de Coimbra (antigo espaço do mosteiro), numa sessão que vai contar com a participação do presidente da Ordem dos Arquitetos, Gonçalo Byrne, do diretor do Darq, Luís Miguel Correia, e do presidente da Câmara Municipal, José Manuel Silva.
O Mosteiro de Santa Cruz, criado no século XII e que foi sendo alvo de várias reformas e ‘acrescentos’ ao longo dos séculos, sofreu um longo processo de ocupação e desmantelamento após a sua expropriação em 1834, com a extinção das ordens religiosas.
“O Mosteiro apanhava a zona onde hoje é a Escola Jaime Cortesão, a esquadra da Polícia, até à zona da Manutenção Militar, em que todo o vale onde hoje é a Sá da Bandeira pertencia ao Mosteiro”, explicou Rui Lobo.
No lugar do Claustro da Portaria construiu-se a Câmara Municipal, o antigo Claustro da Manga foi aberto e já no século XX destruiu-se a Torre dos Sinos, na zona de Montarroio.
As exigências do desenvolvimento urbano e económico da cidade no final do século XIX potenciaram esse desmantelamento, como é sinal disso mesmo “a grande ‘boulevard’” que atravessou o Mosteiro, para ligar a Baixa à Alta da cidade – a Avenida Sá da Bandeira -, notou.
Para se ter noção daquilo que era o Mosteiro de Santa Cruz, o projeto desenvolveu um modelo 3D que reconstitui o monumento tal como seria em 1834.
Num percurso com sete pontos distintos na zona do edifício, turistas e munícipes podem ativar um ‘QR code’ e visualizar através do telemóvel como era “o Mosteiro há 200 anos”, referiu.
Já na Sala da Cidade, estarão expostas as diferentes propostas dos finalistas de arquitetura para aquela zona envolvente.
Uma recriação contemporânea do claustro junto à Fonte da Manga, a recriação de um elemento vertical no local da antiga Torre dos Sinos ou o aproveitamento de antigos espaços do Mosteiro para a criação de um núcleo museológico são alguns dos projetos apresentados.
“Há muito espólio do Mosteiro espalhado por vários museus e instituições e seria interessante tentar reunir todo o espólio artístico ligado a Santa Cruz – que é muito – nesse núcleo. Por exemplo, a Cruz de D. Sancho I, que está no Museu de Arte Antiga, deveria estar em Coimbra. Há peças do Museu [Nacional] Machado de Castro que poderiam lá estar, não numa vertente concorrencial, mas pensando até que [o núcleo museológico] poderia ser uma extensão desse museu”, salientou Rui Lobo.
Para o investigador, o projeto permite qualificar a oferta turística da cidade, ao mesmo tempo que também se pode assumir como uma “operação âncora de regeneração urbana da zona da Baixa”.
A exposição na Sala da Cidade estará patente até 16 de abril, estando também previstas visitas guiadas e mais sessões de discussão dos projetos.
Lusa