15 Novembro 2021

“Dia de festa” por avanço das obras do Metrobus, apesar das “insuficiências do projeto”

“Dia de festa” por avanço das obras do Metrobus, apesar das “insuficiências do projeto”

Hoje é “um dia de festa” pelo avanço das obras do Sistema de Mobilidade do Mondego, assinalou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, não deixando de assinalar as “insuficiências do projeto” de instalação do Metrobus. Na cerimónia de assinatura do auto de consignação do troço Alto de São João – Portagem, que decorreu esta manhã no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Coimbra, e que contou com a presença do secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, o autarca expressou a sua “frustração pelo facto de este troço não ter sido melhor trabalhado”.

“Este é um projeto que herdámos e que iremos executar com satisfação, mas que não seria exatamente o projeto que este executivo preferiria”, salientou José Manuel Silva, na cerimónia que decorreu esta manhã para a consignação da empreitada do troço urbano entre o Alto de São João e a Portagem, com cerca de 5,2km de extensão e um investimento de 23,6 milhões de euros.

 

Apesar de assinalar que este é “um dia de festa” e de reconhecer “o mérito decisivo do atual governo e do anterior executivo [municipal]”, o autarca apontou várias insuficiências ao projeto que irá ser executado. “Não iríamos ser nós nesta fase a colocar entraves ao seu avanço, até porque isso poderia fazer perder financiamento europeu”, salientou.

 

José Manuel Silva não entende “que se tenha abandonado a existência de uma estação no Alto de São João” e que a requalificação da Praça 25 de Abril tenha ficado “pela meia obra”. Defende ainda que deveria ser considerada a integração funcional ao longo de toda a linha, “o que está por estudar”, e que a paragem em frente à Câmara tem uma série de dificuldades que podem revistas e melhoradas, de forma a ultrapassar o constrangimento físico provocado nas traseiras da Casa Aninhas, na Praça 8 de Maio.

 

O presidente da autarquia demonstrou ainda preocupação para a Alta Velocidade passe na estação de Coimbra B, para que esta “seja o grande hub dos transportes da zona centro”. “Tem de haver mais estudos para que isso seja possível, sem atrasar a obra”, defendeu também relativamente à vontade de estender o Metrobus até ao Polo I da Universidade de Coimbra.

 

Em declarações aos jornalistas à margem da sessão, José Manuel Silva voltou a referir que herdou “este projeto numa fase irreversível” e que “não é compaginável, obviamente, a existência dos dois modos de transporte em paralelo e simultâneo” no percurso entre Coimbra A e Coimbra B. No entanto, o autarca é perentório: “não iremos aceitar que as populações que chegavam diretamente a Coimbra A sejam prejudicadas neste transbordo em Coimbra B para o sistema de Metrobus”.

 

O vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, fez um ponto de situação das quatro empreitadas que integram o projeto, recordando que está em execução a obra do troço entre Serpins e o Alto de São João e agora tem início a intervenção entre Alto de São João e Portagem. Já as empreitadas dos troços urbanos da Portagem a Coimbra B e a Linha do Hospital deverão ser consignadas no primeiro trimestre de 2022.

 

Já o secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, salientou que “hoje damos mais um passo para a materialização deste projeto 11 anos depois da população ter ficado sem comboio no Ramal da Lousã, entre Coimbra e Serpins, esperando que consolide a esperança numa melhor mobilidade”. Na sua intervenção, Jorge Delgado lembrou os “avanços e recuos” do projeto, evidenciando que “hoje já não há dúvidas: não são só palavras, são factos”. “O compromisso do Governo é já evidente, total e absoluto”, destacou.

 

Por sua vez, o presidente da Metro Mondego, João Marrana, destacou que “hoje o que celebramos é um passo muito relevante”, “orientado para a concretização do Sistema de Mobilidade do Mondego tão ambicionado pela população quanto é relevante para melhorar a qualidade de vida e o desempenho ecológico da região”, concluiu.

 

A empreitada hoje consignada, entre o Alto de São João e a Portagem, visa a transformação do antigo ramal da Lousã, com a criação de faixa de circulação de dois sentidos com largura de 7m, construção de 10 paragens com dupla plataforma, numa extensão de 5,2km. No curso desta empreitada vão também ser realizadas obras pela Águas do Centro Litoral e pela Águas de Coimbra, em condutas adutoras, coletores residuais e pluviais e um conjunto de outros ramais.

 

O Sistema de Mobilidade do Mondego prevê um investimento global superior a 140M€, dos quais 40 milhões se destinam à aquisição de material circulante, cujas propostas decorrentes do concurso público se encontram em análise.

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