O espetáculo foi uma das propostas vencedoras da primeira edição do Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Coimbra, apresentada por Buga Lopes.
A criação deste espetáculo começou com um desafio da Rádio Universidade de Coimbra lançado a Buga Lopes, em 2018, para fazer um concerto de tributo ao disco de Fausto, na ocasião do 32.º aniversário daquela rádio.
“Criou-se uma relação muito grande entre músicos e grupos e, no fim do espetáculo, pensámos todos: ‘Então, e agora? Não vamos deixar isto morrer’. Decidimos criar a figura informal que é o Coletivo de Artistas Independentes [CAIS] de Coimbra e entregámos uma candidatura ao Orçamento Participativo. A partir daí, aumentámos a grandiosidade do espetáculo e passámos a tocar o álbum na íntegra”, contou à agência Lusa o jovem formado em direção musical e composição.
De cerca de 30 músicos em palco, passam agora para 53, que vêm de diferentes contextos e experiências. Há membros do Coro Misto da Universidade de Coimbra, da Tuna Académica, da Filarmónica de Taveiro e do grupo “Há Música na Aldeia”, de Miranda do Corvo, para além de jovens que estudam jazz, que têm formação clássica ou que tocam em bandas de rock da região, salientou Buga Lopes.
Segundo Buga Lopes, o trabalho de arranjo e composição do álbum “foi extremamente cuidadoso”, com “escolhas harmónicas extremamente avançadas, mas que, ao mesmo tempo, tudo é tocado com simplicidade. Existe uma fusão entre uma linguagem e um som tradicional com uma sofisticação e uma série de cromatismos que não é comum encontrar neste tipo de música”.
O espetáculo não vai seguir a sequência original do álbum, antes tentar um compromisso entre a sequência do disco, a sequência da obra “A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto (em que Fausto se baseia para “Por Este Rio Acima”), e aquilo que é necessário para montar “um espetáculo dinâmico”.
Em palco, estará uma formação de orquestra clássica, acompanhada de músicos que tocam instrumentos associados à música popular portuguesa, como adufes, guitarra clássica, cavaquinhos e violas braguesas, sem esquecer os instrumentos da região, como é o caso da guitarra de Coimbra e da viola beiroa.