A iniciativa contou com a intervenção do Professor José Ribeiro Ferreira, que descreveu o poeta conimbricense e a sua obra, com o músico Paulo Soares, que ali estreou a sua nova guitarra e presenteou o público com quatro interpretações, e com Emília Nave e Emanuel Ferreira, que declamaram poemas do autor. A sessão teve início com o curador da Casa da Escrita, António Vilhena, e terminou com os agradecimentos da vereadora da Cultura da CMC, Carina Gomes.
Noventa anos depois da sua morte, em Macau, no ano de 1926, Camilo Pessanha foi recordado na terra onde nasceu, Coimbra, numa sessão concorrida, na Casa da Escrita da CMC. “Estamos aqui para evocar um poeta que nasceu na nossa cidade. (…) Camilo Pessanha tinha mau feitio, era duro, mas solidário. O seu livro mais conhecido, Clepsidra, deu o nome a um bar muito conhecido em Coimbra”, revelou o escritor António Vilhena, antes de passar a palavra a Ribeiro Ferreira, a quem agradeceu a presença, sublinhando ser um “honra” recebê-lo, mais uma vez, na Casa da Escrita.
O catedrático retribuiu os agradecimentos e depressa começou a falar do poeta conimbricense para uma plateia atenta e interessada. “Camilo Pessanha era um poeta com uma sensibilidade aguda e delicada, que deixa uma obra de grande qualidade rítmica. Era muito atento à musicalidade do verso e escolhia palavras com significado e timbre. Acho que as escolhia apenas pela música que têm”, começou por dizer Ribeiro Ferreira, considerando que a poesia de Pessanha “até parecia ser simples”. “Os olhos são a sua principal fonte de conhecimento”, prosseguiu, entre a leitura de alguns excertos da obra do poeta. “Utilizava a vista para interpretar e conhecer o Universo (…) e por isso a sua poesia é cheia de imagens sensoriais”, disse o especialista, resumindo que a poesia de Pessanha é “melancólica, pessimista e triste”, tendo poemas que nos trazem “estranhas sensações de incómodo”.
Seguiu-se o som da guitarra de Paulo Soares. O guitarrista e compositor conimbricense brindou a plateia com um tema de Carlos Paredes, “Mudar de Vida”, e com dois da sua autoria, “Tarde de Serenata” e “Mata de Lobos”, usando a sua nova guitarra pela primeira vez numa atuação em público. “Foi construída por Fernando Miraldo, que tem uma técnica de construção fabulosa. E foi estreada hoje aqui na Casa da Escrita”, revelou Paulo Soares, elogiando a sua estética. “É lindíssima. E tem um som maravilhoso”, afirmou o guitarrista, que ainda tocou mais uma peça da sua autoria, depois de Emília Nave e Emanuel Ferreira declamarem poemas de Pessanha.
“Hoje foi um dia especial aqui na Casa da Escrita e, já agora, foi também ali na Torre de Anto (onde decorreu a segunda iniciativa do ciclo de palestras sobre o tema Canção de Coimbra: Cultores e Repertórios). Quero agradecer primeiro a quem está sempre connosco, o Professor Ribeiro Ferreira, mas também aos declamadores e ao guitarrista. Que belas peças que ouvi dessa sua nova guitarra”, afirmou a vereadora da Cultura, encerrando a sessão de evocação de Camilo Pessanha com a entrega de lembranças aos convidados.
A próxima sessão será de evocação do poeta João de Deus e vai decorrer no dia 8 de março, na Casa da Escrita.